Diálogo sobre a redução da maioridade penal foi mediado pelo Promotor de Justiça Maycon Robert Hammes. Jovens falaram de suas realidades e questionaram o projeto que prevê reduzir de 18 para 16 anos a maioridade penal
A redução da maioridade penal foi o tema colocado em discussão no sábado, dia 01 de agosto durante o encontro de formação da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR) em São Miguel do Oeste. O diálogo contou com a mediação do Promotor de Justiça Maycon Robert Hammes.
Durante a conversa, que evolveu jovens de diferentes realidades (Campo, cidade, periferias, bairros), as juventudes questionaram o projeto que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para jovens que cometem crimes considerados hediondos, como estupros, latrocínio, roubo qualificado entre outros. “Será mesmo que a redução da maioridade penal, que a lotação de jovens em cadeias será capaz ou suficiente para reduzir a criminalidade no Brasil? De quem é a culpa? Do adolescente que comete o ato infracional? Da família que não oferece suporte? Da escola ineficiente para entender a realidade dos jovens? Ou do estado, que se mantém distante dos investimentos em políticas públicas. Para mim, a redução da maioridade penal tem cor, tem classe social”, enfatizou o jovem da PJMP Paulo Fortes.
O Promotor de Justiça, Maycon Robert Hammes enfatizou que o Brasil é um dos países mais violentos do mundo. Segundo os dados apontados por ele, o índice de violência do país é tão alto que pode ser comparado aos países que estão em guerra. Fatores como a pobreza, a péssima distribuição de renda, cultura massificada, sistema estatal falho devem ser considerados conforme Hammes, ao discutir a redução da maioridade penal.
A Jovem da PJR, Vanessa Sandri, acrescentou que o Brasil vive um momento delicado pelo fato de que, conforme ela, a redução da maioridade penal está ligada a interesses partidários. “Temos a presença de uma bancada conservadora que não se dispõe a discutir para além da punição. Entendo que quando existe alguma coisa errada acontecendo ela precisa ser resolvida, mas não dessa forma. O congresso não se dispõe a discutir a realidade dessas juventudes marginalizadas e que acabam cometendo crimes. Me parece que a propriedade, que o dinheiro está acima da vida do ser humano. Enquanto constroem cadeias a educação segue sem muitos investimentos”, destacou.
O jovem da PJMP, Eliezer Antunes de Oliveira encerrou o diálogo na tarde de sábado, com a poesia de sua autoria intitulada: “Quem são vocês?”, onde ele faz uma reflexão sobre os problemas que a sociedade possui e a necessidade de discutir a redução da maioridade penal além dos atos punitivos, considerando as realidades das juventudes brasileiras. “Quem são vocês que sangram flores, que destroem sonhos e provocam dores? Difícil falar de amor nesse sistema que domina, que defende o opressor”.
Texto: Claudia Weinman - [email protected]
Fotos: Jô Pinheiro, Claudia Weinman
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