Francisca Trindade

 Militantes que Fizeram e Fazem a História da PJMP

Francisca Trindade – Piauí

 

FRANCISCA DAS CHAGAS DA TRINDADE nasceu em Teresina em 26 de março de 1966, filha de Raimundo Pereira da Trindade e de Lídia Maria da Trindade. Casada com Edilberto Oliveira e mãe de Camila e Yan Kalid.

Fez seus primeiros estudos nos Colégios Vaz da Costa (Buenos Aires); Firmina Sobreira (Poty Velho); O ginasial nos colégios Edgar Tito (Memorare) e Leão XIII (Vila Operária); o Segundo Grau nos Colégios Cidade, Teresina e Cursão/Cipreve. Formou-se em Teologia pela universidade Federal do Piauí - UFPI, onde estava cursando Filosofia.

No bairro Água Mineral, onde residia, começou sua militância nos grupos de jovens da comunidade, onde liderou as organizações e as lutas dos jovens do Bairro e da periferia de Teresina. Foi Secretaria da Pastoral de Juventude do Meio Popular - PJMP da Arquidiocese de Teresina. A militância na Pastoral de Juventude, e nas lutas sociais, foi um passo para o ingresso na vida política. Foi uma das articuladoras no Estado da organização da Articulação Nacional do Solo Urbano. Participou ativamente como representante do Estado na Central Nacional de Movimentos Populares. Foi fundadora e Presidente da Associação de Moradores do Bairro Água Mineral por duas gestões, daí partiu, com outros companheiros para a organização da Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários do Estado do Piauí (FAMCC), entidade que congrega várias associações de bairro, da qual foi também Presidente e diretora de habitação.

Começou ativamente sua militância política filiando-se ao Partido dos Trabalhadores, em 1985, participando da sua organização e construção, ao lado de inúmeros companheiros, contribuindo para difundir a idéia de um Partido de massa, socialista e classista.

Em 1992 foi candidata a Vereadora pelo Partido dos Trabalhadores sendo a primeira suplente com 998 votos, assumindo posteriormente, vaga na Câmara Municipal de Teresina. Em 1996 foi candidata a vereadora, se elegendo com 4.270 votos, sendo a mulher mais votada na eleição e a quinta no total geral.

Na Câmara Municipal de Teresina, Francisca Trindade se destacou como a parlamentar mais atuante de 1995, recebendo prêmio e o reconhecimento da imprensa local e da sociedade. Desempenhou ações importantes naquela Casa, defendendo a moralização e a ética na política, bem como, a transparência no uso dos recursos públicos e na defesa do Patrimônio Público. Desempenhou também ações fundamentais na apresentação de propostas e projetos de grande relevância para a sociedade teresinense, senão, piauiense. São de sua autoria enquanto vereadora da cidade, projetos que se tornaram leis como o Disque Mulher Cidadã, o da Validade do Vale Transporte de 30 para 60 dias, a Praça é toda graça, Espaço de produção e comercialização nos bairros de Teresina, este último incorporado pela Prefeitura como ''Revitalizando os Bairros'', dentre muitos outros.

Em 1998, foi candidata a deputada estadual, elegendo-se como a deputada mais votada de Teresina e a quinta mais votada de todo Estado, com mais de 26.000 votos. Em 1999, Trindade se destacou como a parlamentar mais atuante em pesquisa feita junto a servidores da Secretaria de Comunicação Social, Rádio e TV Piauí, destacando-se mais uma vez na luta em favor da moralização e transparência do Poder Legislativo, pela luta contra a corrupção nos órgãos públicos, na defesa de propostas moralizadoras e na elaboração de políticas públicas.

Em 2002, são de sua autoria na Assembléia Legislativa, os Projetos de Lei do Fundo de Geração de Emprego e Renda e Apoio ao Desenvolvimento Sustentável do Piauí, Conselhos Estadual dos Direitos Humanos, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher, Fundo de Incentivo à Segurança Pública, Projeto que Veda a Manutenção de Gabinetes e Assessorias, além do número de deputados efetivamente eleitos, o Programa de Combate à Discriminação racial, o projeto que Institui o Departamento Estadual de Combate ao Abuso Sexual Infanto-Juvenil, Programa de Construção de Cisternas na região semi-árida, projeto que proíbe a retenção de 33% de AIHs, Gratuidade para Idosos, dentre outros.

Na Assembléia Legislativa, nos anos de 1999-2000, assumiu a Presidência da Comissão de Direitos Humanos, levando para àquela Casa grandes discussões referentes aos direitos e cidadania das pessoas, tornando-a mais próxima dos anseios e dos interesses da população.

Na eleição de 2000, foi candidata a vice-prefeita do Partido dos Trabalhadores, contribuindo com uma expressiva votação do Partido na cidade. Nestas eleições, Trindade é candidata a deputada federal.

150 mil vão ao velório dar o último adeus

Sob aplausos, chuvas de flores e batuque de tambores, a deputada federal Francisca Trindade (PT), 37 anos, que morreu vítima de aneurisma cerebral, no último sábado, foi enterrada às 16h30 de ontem, no cemitério Santo Antônio, no bairro Buenos Aires, em Teresina.

Uma multidão compareceu ao velório da parlamentar, realizado no ginásio poliesportivo Verdão, desde o final da noite de domingo. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, alterou a sua agenda particular e às 8h50min chegou ao ginásio Verdão para prestar a sua última homenagem à Francisca Trindade, que era sua amiga particular.

Emocionado, o presidente Lula conversou durante alguns minutos com a mãe da deputada, Lídia Trindade, 72 anos, e com familiares. Visivelmente abalado, Lula se recusou a falar ao público e conversou particularmente com dona Lídia e a irmã, Marli Trindade. O presidente estava acompanhado do presidente nacional do PT, José Genoino, e do ministro de Segurança Alimentar, José Graziano, e do governador Wellington Dias (PT). Por volta das 9h30, o presidente deixou o Verdão sob aplausos.

A passagem de Lula pelo velório de Francisca Trindade provocou uma correria, pois os populares queriam ver de perto o presidente. Por segurança, o corredor onde era visto o caixão foi interrompido para evitar tumultos. Segundo o comandante da Polícia Militar, coronel Edvaldo Marques, mais de 150 mil pessoas passaram pelo Verdão e acompanharam o sepultamento para se despedir de Francisca Trindade.

“O presidente Lula veio ao Piauí se solidarizar com a dor dos piauienses e reafirmar que temos obrigações de levantar a cabeça, ter forças e continuar a luta, pois o povo precisa do nosso projeto”, afirmou o governador Wellington Dias.

Devido ao tumulto, o caixão da parlamentar teve que ser fechado antes do tempo previsto. Às 13h20min, o corpo deixou o Verdão e seguiu o cortejo fúnebre pelas ruas de Teresina, no veículo do Corpo de Bombeiro. Houve uma parada na paróquia do bairro Água Mineral, local onde morava a deputada. Toda a programação foi marcada de muita emoção e choro.

Trindade é sepultada em cemitério público 

Cova simples, rebocada por cimento cru em chão de terra batida, na quadra 22, ao lado direito da capela do cemitério Santo Antônio, no bairro Buenos Aires. O endereço é da cova da deputada federal Francisca Trindade, sepultada ontem à tarde, mostra que até na morte a parlamentar não abandonou sua origem humilde.

Enterrada em cemitério público, administrada pela Prefeitura de Teresina, Trindade foi uma parlamentar que nasceu das bases populares, estudou em escola pública e sempre foi uma referência na luta pelos excluídos.

Filha de um pedreiro e de uma lavadeira, Trindade, 37 anos, é uma das políticas mais populares do Piauí. Nasceu num ambiente extremamente pobre, entrou nos movimentos sociais e comunitários e se transformou numa política mais respeitada do País.

Deputada federal mais votada da história do Piauí, com 165.190 votos, Francisca Trindade desmaiou na última sexta-feira, enquanto discursava na Conferência Estadual de Apicultura e Pesca. Ela foi internada no hospital Pronto Med e depois transferida para o hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A petista começou a carreira como liderança popular, coordenando a Pastoral da Juventude, ligada à Arquidiocese de Teresina. Foi vereadora por duas vezes, em 1992 e 1996, e deputada estadual em 1998.

De acordo com a Polícia Militar, cerca de 30 mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre de Francisca Trindade, desde o bairro Água Mineral até o sepultamento, no cemitério de Buenos Aires. A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS), parlamentar que dividia o quarto com Trindade em Brasília, deu um depoimento emocionado durante a solenidade de enterro. O sepultamento foi marcado por muita comoção. (YS)

Congresso pára em homenagem à petista 

As homenagens à Francisca Trindade (PT) não se restringiram apenas à imensa fila de pessoas, que se formou desde o início da noite de domingo, na frente do ginásio de esportes Verdão, e às dezenas de coroas de flores enviadas ao local do velório da deputada.

Vereadores, prefeitos, secretários de Estado, o governador Wellington Dias, deputados federais e estaduais, ministros de Estado e o próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, interromperam suas rotinas para ir ao Verdão. Lula adiou o início da reunião com governadores do Nordeste, em Fortaleza, para vir no Boeing presidencial para Teresina. Lula seguiu direto do aeroporto para o Verdão e não falou com os jornalistas. Várias atividades do Governo do Estado também foram suspensas e só devem ser retomadas na quarta-feira.

No Congresso, houve homenagem à Francisca Trindade. Tanto a Câmara quanto o Senado suspenderam suas as atividades em homenagem à deputada piauiense. As sessões nas duas casas foram para lembrar a história de Francisca Trindade.

Lideranças nacionais comparecem ao velório 

Francisca Trindade era uma política respeitada em âmbito nacional. Além do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, marcaram presença no velório da parlamentar o presidente nacional do PT, José Genoino, o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT/SP), o ministro da Pesca, José Fritsch, e deputados da bancada do PT do Nordeste. Na parte da tarde, a ministra da Assistência Social, Benedita da Silva, veio para o enterro e chorou bastante. Bastante emocionado e chorando muito, José Genoino disse que era uma dor para todos os petistas e para os piauienses a morte da deputada “É como se um pedaço do PT saísse”, disse Genoino, que lembrou a luta de Trindade em prol dos desprotegidos e excluídos.

A ministra da Assistência Social, Benedita da Silva, disse que identificava com as causas da deputada Francisca Trindade. “Me identifico com a luta que ela travou em vida, luta de sonhar, de ver Lula presidente, de ver a comunidade ter seus direitos respeitados, tudo que ela plantou e nós lutaremos para colher”, disse Benedita da Silva.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, chegou às 10h30, no velório vindo de São Luís, no Maranhão, falou com os familiares e ficou na missa de corpo presente, ministrada pelo arcebispo de Teresina, Dom Celso Pinto. “Trindade foi uma mulher corajosa, simples e lutadora. Perde o Congresso e o Brasil com a sua morte”, disse João Paulo.