José Adelar Nunes - Adelarzão

Militantes que Fizeram e Fazem a História da PJMP

José Adelar Nunes – Santa Catarina

José Adelar Nunes (com a camisa do Flamengo, na foto acima), também conhecido como Adelarsão, iniciou sua militância na cidade de Videira, Meio-Oeste de Santa Catarina, na Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), da qual sempre fez parte da direção estadual e, durante alguns anos, de instâncias nacionais.

No PT, foi membro da coordenação da Juventude, desde 1993, e da executiva estadual eleita no Processo de Eleição Direta (PED) em 2001. Na Articulação de Esquerda, era da direção desde 2000 e do secretariado executivo estadual, formado na conferência estadual extraordinária realizada no dia 8 de maio do mesmo ano.

Por cinco anos, José Adelar Nunes foi assessor e coordenador estadual do mandato da deputada federal Luci Choinacki (PT) e tesoureiro do PT catarinense desde 2002. Articulador político, gostava de viajar pelo Estado, e fazia às vezes de motorista para a parlamentar em seus roteiros por Santa Catarina. Ele sustentava a mãe, que é pobre e mora em Videira–SC, com o salário que ganhava trabalhando no mandato.

"É tão estranho... os bons morrem jovens"

José Adelar Nunes faleceu aos 31 anos, vítima de aneurisma e cardiopatia hipertrófica, no dia 12 de junho de 2004. “A gente lamenta a morte dele, porque ele era uma liderança importante, um trabalhador”, disse a deputada Luci Choinacki. Ela lembra ainda que Adelar diminuiu o trabalho no mandato, mas ainda fazia alguma articulação política ao falecer.

Em julho do mesmo ano, tendo sido eleito como secretário nacional da PJB, seu amigo e “filho” de pastoral Silvano Silvério da Silva escreveu:

“[...] Fui convencido pela companheira que era hora da PJMP mostrar a importância de seus militantes para a construção do conjunto e do jeito de ser Igreja. Esse convencimento aconteceu principalmente por causa de uma pessoa. Seu nome jamais esquecerei: JOSÉ ADELAR NUNES. Éramos amigos há cerca da dez anos. Tinha um jeito simples de viver. Era preocupado com a militância. Vivia a sua vida a serviço da luta e de seus amigos. Quando saiu o resultado da votação, a primeira pessoa que me veio na cabeça para eu avisar foi ele. Fica difícil acreditar que um companheiro não está mais em nosso meio. Dedicarei este serviço na secretaria principalmente em memória desse amigo, companheiro e – como diz o povo de Goiânia – meu Pai de Pastoral. Onde ele estiver espero que sempre sinta orgulho de sua aposta na juventude do meio popular. Com ajuda de todos vocês vamos fazer um ótimo trabalho.”

Na opinião de outros companheiros da PJMP, no momento em foi eleito o secretário nacional da PJB na pessoa do Silvano, quem não falou certamente pensou na hora que Adelar ficou muito feliz com esse avanço porque é a PJMP e é um amigo, companheiro e irmão de caminhada.

Vale também destacar as palavras de Elisangela Soares de Almeida, de Curitiba – PR, outra companheira de PJMP de Adelar:

“Como éramos do mesmo bloco (Sul), sempre nos encontrávamos nos encontros realizados por aqui. Começamos a nossa caminhada nacional na PJMP na mesma ocasião, em um encontro de assessores em Goiânia, em 1995. Lembro-me que conversamos muito sobre essa experiência nacional e da maneira de que podíamos estar contribuindo e articulando os nossos regionais.

Em nossa ANPJMP em Senhor do Bonfim (BA), nós do Paraná fizemos uma homenagem a ele, comparando-o a uma araucária, símbolo natural aqui do Sul. Procurando em minha papelada, encontrei as palavras que proferimos naquele momento de oração, que causou muita comoção:

Dentre os símbolos do Sul, o que mais se destaca é a ARAUCÁRIA: alta, robusta, resistente, frutífera. Assim também foi ADELAR - amigo-companheiro. Com a imponência de sua presença, transmitia a todos a fortaleza nos entraves da luta, gerando muitos frutos, revelando a beleza da vida!

A homenagem sincera da juventude do meio popular paranaense a esse grande amigo e homem que foi o Adelar permanece em nossos corações.”

Acreditamos que os bons vão cedo, mas acreditamos também que um dia na sua velhice vamos perceber a beleza e a força do jovem que deu certo, e com certeza Adelar seria também o bom jovem que deu certo. Firmes na estrada a gente segue caminhando!

 

QUANTAS MADRUGADAS ADELAR

Quantas madrugadas em que o tempo crescia
E descia o vinho naquele garrafão
Vindo de Santa Catarina.
Eram utopias, dores, pesquisas e risadas
Com o canto esquerdo do lábio preso
E o direito solto como um alazão,
Que aproximava a vontade
De um tempo novo
No meio popular
Entre crianças, adolescentes, jovens
E todos os homens e todas as mulheres
Somos agora para lutar!

Muitos sonhos foram realizados
Uma multidão ficou para fazermos
Um deles é por deveras expressivo:
A escola nacional da PJMP.

Quantas madrugadas
Rodadas de quarto em quarto
De roda em roda
Para negociar alternativas
E manter a articulação
Entre as quatro pastorais da juventude do Brasil.

Quantas madrugadas
Quando pensarmos que tudo iria rachar
Ele conseguia furar mais um bloqueio
No meio da meninada da PJE
Um voto rebelde do meio da cerrada PJ
E mais um plano de longo alcance no meio da PJR!
E chegava para explicar as idas e vindas
Da política dentro da Igreja.

Quantas madrugadas
Quantas frases belas:
“Não temos motivos para rachar,
Somente nós perdemos, e já perdemos demais
Não temos mais tempo para perder”.
Ai descia mais um gole do delicioso vinho da safra deste ano!
E todos nós nos alegrávamos
Pela sua capacidade de convencer
E transpassar muros internos dentro da própria Igreja Jovem.

Quantas madrugadas
Quando um de nós adoecia
Chegava ele falando das lutas maiores
Travadas dentro do PT,
Contava os golpes da direita contra os trabalhadores.
Mais um gole descia
Até o garrafão secar
E ir buscar uma nova garrafa
do vinho da vida e da celebração da vitória final,
Ao que o Santíssimo Sacramento da capela
Acompanhava ouvindo e assistindo o violão de um dos nossos
Entoar mais uma canção libertadora
O dia deixava a noite descansar
Enquanto a turma da cozinha começava a bater
Preparando o café
Para outras orações dentro dos cânones
E a nossa liturgia chegava a mais uma estação.

Quantas madrugadas
O sono das últimas horas da madrugada
Entre os pingos de orvalho que suavemente desciam
Pétala por pétala
Folha por folha
E umedecer o chão
Fosse no Centro oeste dos milhos,
No Nordeste dos poetas,
No Sul de onde o vinho era ofertado
Do Leste das caravanas entre o café, o queijo e a poeira
Ou no coração dos jovens do meio popular
Era José Adelar Nunes
Mistagogicamente acreditando na força do mundo juvenil.

Quantas madrugadas
Era José Adelar Nunes
Um jovem que continua acreditando e
Próximo do Pai Celestial
Oferece as nossas utopias ao grande Ileaô
Sem angustia, nem disputa, nem suor
Pois ele já o derramou.

Quantas madrugadas
Onde deixou para nós
Num canto do pátio
Ou debaixo do beliche
Mais um garrafão de vinho
De alça presa na mão para outros encontros
Somente de encontros, encontros, encontros
Porque os desencontros para ele já passou
Embora que para nós
Quantas madrugadas!?

Quantas madrugadas
Haveremos de alçar este garrafão
Jogar nas costas
E experimentar o vinho de tantas novas safras
E mais um gole descer
Até o novo dia amanhecer!
Quantas madrugadas!?

Parnamirim, 22 de março de 2009.

Pe. Antônio Murilo de Paiva

 

 
Queridos amigo da PJMP!
 
Nesse dia em que lembramos dos entes queridos e celebramos a esperança da Ressurreição, compartilho c/ todos uma foto de meu álbum, de um momento que com saudades recordo, de uma CNPJMP realizada aqui no Paraná.
 
Nessa ocasião, tinhamos a companhia e participação de nosso amigo/irmão Adelar, o qual hoje nomina nossa escola de formação.
 
Nossa CNPJMP foi realizada durante o feriado de 1º de maio de 2001. Os Movimentos Populares de Curitiba e região realizaram uma caminhada na BR 277 (próximo da cidade de Campo Largo - PR) onde, tempos atrás, o governo estadual realizou uma "verdadeira luta armada" contra os companheiros do MST, local esse onde um companheiro foi assassinado.
 
Fizemos da participação na Romaria do Trabalhador, parte de nossa pauta de reunião.
 
Estavam presentes nessa foto, além do Adelar, Rosana (SP), Aldenir (PE), Ronaldo (PR), Silvano (SC), eu (Lisa - PR), Sônia (PR), Eduardo (PR)  Adilso (PR) e Alecsander (RJ).
Quero, com essa foto, deixar meu abraço saudoso e solidário a todos os amigos e companheiros que hoje, fazem da saudade, uma motivação p/ continuar na caminhada, sempre com muita Ternura e Resistência.
 
Saudações do Meio Popular!!!
 
Lisa
Curitiba, PR, 02/11/2011