NOTA DE REPÚDIO
NOTA DE REPÚDIO DA PASTORAL DA JUVENTUDE DO MEIO POPULAR (PJMP) EM VIRTUDE DA CONFIRMAÇÃO DAS DATAS DO ENEM PARA 1º E 8 DE NOVEMBRO DE 2020
A Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), formada por jovens católicos oriundos das classes populares, vem se posicionar contrária à decisão do Ministério da Educação acerca da data do ENEM 2020 nos dias 1º a 8 de novembro de 2020 (presencial) e 22 e 29 de novembro de 2020 (digital). Ao mesmo tempo, se une e endossa o coro de vozes em favor do Movimento Adia ENEM.
Inspirada pelo convite de Jesus “vinde e vede” (João 1: 39) e pela “opção preferencial pelos jovens” (Puebla 1979), a história da PJMP é marcada pelas lutas de jovens – oriundos de comunidades rurais e das periferias das cidades – pelo acesso e permanência na escola pública. Assim, enquanto uma pastoral formada com e pelas juventudes, conhece os desafios estruturais e as condições sociais destes e destas jovens.
São muitos os desafios enfrentados até concluir o Ensino Médio, desafios estes que se agravaram neste ano de 2020 em função da pandemia do COVID-19, resultando em danos irreparáveis que têm impactado na vida das e dos jovens e em seus estudos.
Ressaltamos que para nós, jovens do meio popular, a realização das provas representa um sinal de esperança e uma possibilidade de ingresso no Ensino Superior. Todavia, em função da decisão arbitrária do MEC, sem levar em consideração as “mudanças necessárias” realizadas no calendário escolar em função da pandemia, e as condições socioeconômicas de milhares de jovens empobrecidos, alertamos que a realização das provas nas datas “impostas” pelo MEC contraria o “princípio da igualdade”, visto que as condições de estudo são extremamente desiguais.
Manifestamos, ainda, o nosso descontentamento e desacordo com as mensagens veiculados pelo MEC nos meios de comunicação que dizem que as e os jovens podem estudar com/nos seus livros, computadores, celulares, utilizando os canais digitais “de qualquer lugar, de diferentes formas”. Conhecendo a realidade dos nossos e das nossas jovens (sem computador, com internet pré-pago ou sem sinal de internet) repudiamos tal mensagem, pois “os diferentes lugares” e as “diferentes formas” escondem as diferentes realidades: a realidade das juventudes periféricas e das juventudes que habitam as zonas rurais do Brasil não condizem com a realidade fantasiada por tais mensagens: aqueles e aquelas jovens não nos representam.
Contrário ao que afirmam estas mensagens, adiar o ENEM não significa que “uma geração de novos profissionais seja perdida”. Defendemos, apenas, que o ENEM cumpra com o seu papel de Exame Nacional do Ensino Médio e que leve em consideração as “alterações necessárias” realizadas no calendário escolar de 2020, em função desta devastadora pandemia. Assim, ante à realidade exposta e à forma arbitrária com a qual o governo definiu as datas para aplicação das provas, advertimos que muitos e muitas jovens serão prejudicadas em função da aplicação das provas nas referidas datas.
Agindo assim, o MEC “tira de nós, jovens do meio popular” a oportunidade de chegar ao ensino superior, pois não basta fazer a prova, mas ter a formação necessária para poder fazê-la, formação esta que se concretiza na escola. Face a isto, a juventude da PJMP endossa as palavras de repúdio e protesto: Adia ENEM.
Olinda-PE. 16 de maio de 2020.
Secretaria Nacional da Pastoral da Juventude do Meio Popular - SNPJMP
Coordenação Nacional da Pastoral da Juventude do Meio Popular - CNPJMP
Comissão Nacional da Assessores da Pastoral da Juventude do Meio Popular - CNAPJMP
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