O Natal é uma luz que não se acende, porque jamais se apaga!

O Natal é luz, mas não é uma luz que a gente acende em determinado tempo do ano ou em certo lugar e apaga em outro. Porque o Natal é tempo de luz, mas é, sobretudo, luz para o tempo. O Natal é vida e luz, mas, por isso mesmo é cheio de contradições, de conflitos e exige conversão para ser entendido e vivido. A gente até pode se enganar com o Natal, mas o Natal não engana a ninguém. O Natal é tempo de preparar o futuro, porque é o encontro dos tempos. Passado, presente e futuro se encontram no Natal na simples presença de uma indefesa criança que nasce. Para o Natal o futuro já chegou, porque se inicia um Novo Tempo. “Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Deus é presença criadora na fertilidade, na gravidez às vezes indesejada, tantas vezes inesperada e é anúncio, é Boa Nova geralmente incompreensível num primeiro momento. É a Ressurreição que se projeta, é a Graça e a Revelação de Deus em nosso meio.

A saudação do anjo à Maria, não deixa dúvida. “Não temas, Maria, pois obtiveste graça junto a Deus”, (Lc 1, 30), então, criança é fruto de relação, de Gravidez, é promessa e desejo de Deus, cumpridos em plenitude. Uma criança que nasce é sempre a bondade de Deus que se manifesta. E tudo isto é repleto de muita simplicidade. Mesmo que uma simplicidade complexa. Toda criança merece ouvir de sua família, “Tu és o meu filho/a bem amado/a”, (Mc 1,11). É assim que o Natal é Amor e o Amor não cabe em regras, não se deixa aprisionar em sistemas, nem existe sem conflitos, agitações e sem causar rupturas. Mas tudo acaba sempre em alegria, porque, na verdade, tudo começa de novo. O Amor tem seu próprio tempo. E o tempo do Amor é o Kairos, (καιρός) é o tempo de Deus, sem medida, não é o kronos, este não só medido, mas limitado. Não se mede e não se conta o tempo do AMOR. Amar é um ato de transgressão. O Natal como Amor, transgride as margens da pura continuidade, “onde dois mais dois é igual a quatro”, e é abertura ao inusitado. Ao inexplicável. O Natal não basta ser entendido, tem que ser sentido e vivido. FELIZ NATAL! FELIZ AMOR!

Curitiba, 12 de Dezembro de 2012.
João Santiago. Teólogo, Poeta e Militante
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