Os crimes de Lula e de Dilma são os mesmos: tirar o brinquedinho das mãos da elite

Lula já estará condenado antecipadamente, sem necessidade de provas e de julgamento, em qualquer tribunal que ele chegar hoje neste país. Porque as principais causas que levam um ser humano à condenação em nosso país são: a) a condição social; b) a origem social; c) a cor da pele – ser negro é ser alvo de constrangimentos e violências indiscriminadamente; o sexo – as mulheres são as mais expostas a todos os tipos de assédios -; e a orientação sexual – os homossexuais já são condenados sem a necessidade de nenhuma acusação ou julgamento. São amaldiçoados por grande parte dos que se julgam mais abençoados do que os outros porque não se envolvem “não se sujam” com política, por manter um casamento, aparentemente bem resolvido, o que quer dizer dentro da Lei e dos Sacramentos. Mesmo que exilado no labirinto da resignação e da falta de sentido. Mesmo sem jamais ter se encontrado com Jesus de Nazaré. Sem conhecê-lo, portanto. Talvez por isso mesmo. Isto faz com que tantas pessoas homens e mulheres vivam confinadas dentro das “Periferias Existenciais” sem confiança para revelar para a própria família e orientação sexual que seguem. Quanta gente que até se suicida, mas quantas que levam uma não vida por não poderem ser o que realmente são?

No caso de Lula, a condição social, na visão de seus algozes, se agrava pela sua “burrice!”. Ele poderia ter trocado a sua dignidade de operário, de filho de pobre, Nordestino, analfabeto, na concepção de uma elitezinha branca, sem alma, sem coração e sem vergonha, e que ler a revista veja e arrota ódio por todos os lados, mas não o fez. Ela porque poderia negar ou enterrar uma história de vida profeticamente vivida, por ter lutado pela democracia e pelos Direitos Humanos, em plena ditadura, ao ponto de ser presa e torturada, mas também não o fez. Eles não entendem e não suportam o fato de não conseguir encontrar culpa nele e nem nela. Aí entra em prática a velha tática da direita. Perseguir e desmoralizar seus opositores. Como já não podem mais torturar eliminar como sempre o fizeram, torturam via meios de comunicação o pau de arara da modernidade democrática. Isto para a elite que comanda neste país os meios de comunicação, o judiciário, o congresso nacional e outros bordéis; para grande parte das Igrejas e religiões, que propagam a teologia da prosperidade e da retribuição; até parte das ditas religiões tradicionais, inclusive parcela significativa da Igreja Católica.

Para uma parcela importante da população, inclusive com curso superior, pós-graduada até, mas politicamente analfabeta, que pensa com a cabeça da elite e ainda lhe empresta sem cobrar nada, a sua boca, para repetir as “verdades” dela, ter caráter é burrice. Mas é por caráter, por ética, contra a corrupção que eles dizem lutar. Será? No caso de Lula e de Dilma, além de burrice é também crime. Afinal, se olhado a partir do que tem feito esta elite, é a pergunta que ela nos faz a todo instante. Para que pobre quer dignidade? Daí, a famigerada palavra de ordem nas passeatas patrocinadas pela mídia e por algumas raposas da política brasileira: “Eu quero meu país de volta!”. Este país que eles tanto querem de volta só pode ser aquele país pensado e administrado até o ano de 2002, para vinte por cento da população. Sem políticas para as mulheres, para os negros, para a juventude e com mais de cinquenta milhões de miseráveis economicamente. Curvados, de mãos estendidas, dóceis à “caridade” dessa gente “bondosa” que gosta de dá migalhas do que rouba. Dividir espaço nos aeroportos e aviões, nas salas das universidades e nos shoppings com aqueles e aquelas que lhes servem é intolerável para quem não aprendeu a amar. Para quem se julga mais humano que os outros, como é o caso dessa gente opressora e desumanizada.      

Os cristãos que não seguem a Jesus de Nazaré, como um homem que viveu em seu tempo e fez opções absolutamente burras no olhar das elites políticas e religiosas de sua época, cuja população reproduziu estes olhares gritando: Barrabás! Barrabás! Barrabás! E que hoje se deixa embriagar pelo espetaculismo que fazem do Jesus eucarístico, na adoração ao Santíssimo, por exemplo, quando não negando a cruz, fazendo dela um espetáculo à imagem e semelhança do que tem feito o cinema. Parece haver um “prazer”, maldito, mas “prazer”, com o sofrimento de Jesus. Isto pode está na origem da “Globalização de Indiferença” de que fala o Papa Francisco. Divertimo-nos piedosamente com o sofrimento de Jesus, na cruz e nas ruas e nos inebriamos adorando- O nas sacristias e imagens. Até sentimos o coração arder, mas continuamos de olhos fechados para a realidade que nos cerca (Lucas 24, 30 – 32).

É penoso constatar que, tendo por pressuposto que ninguém no tempo de Jesus O via como Deus, pois nem mesmo os seus Discípulos acreditaram na ressurreição no primeiro momento, enquanto os seus irmãos diziam. Sabia-se que se tratava de um cara diferente, apenas isso. Ele teve que ir aparecendo a cada um e insistindo em dizer: eu ressuscitei e estou aqui, eu não sou um fantasma! Jesus era seguido como uma liderança confiável, atenciosa, amorosa, corajosa e que se comprometia com as pessoas que o buscavam. Foi isto também o que incomodou os poderosos e os fez sair da zona de conforto e tramarem contra a sua vida. Vendo o lugar em que a Quinta Feira Santa ocupa na vida das pessoas e imaginando como estas mesmas pessoas costumas se comportarem diante das lideranças que lutam por justiça e por liberdade, é duro constatar que Ele morreria de novo, nas mesmas circunstâncias, se voltasse para este mundo. As lideranças e os chefes políticos e religiosos de direita, os meios de comunicação e o judiciário, continuam convencendo mais as pessoas do que um testemunho de vida.

Impossibilitados de ver Jesus e incapazes de reconhecê-lo nos que sofrem, às vezes nos dá a impressão de que a cruz foi ou é apenas uma peça de ficção. Tanto que há uma contradição em nossas manifestações. Fazemos da Quinta Feira o auge das emoções e às vezes deixamos a cruz esconder a Ressurreição e a Páscoa sua última Palavra. Estas, por sua vez, são um relâmpago. Um piscar de um vagalume. Parece mais fácil entortar o pescoço piedosamente olhando para a cruz do que reconhecer e aceitar a misericórdia de Deus como propõe o Papa para toda a Igreja. Isto faz surgir todos os tipos de explicações e justificativas para que haja pobres, para que haja sofrimento, que por sua vez é naturalizado na frase: pobre veio ao mundo para sofrer mesmo. Ou então, fatalística e resignadamente repetir, “Por mais que sejam os meus sofrimentos jamais eles serão como os de Jesus”. Diz-se de diversas formas, até nos cantos litúrgicos, que Deus mandou Jesus para morrer. E assim se aceita as injustiças como se elas fossem apenas sofrimento. Os que causam o sofrimento e enriquecem e acumulam poder através dele, nem existem para apologistas da cruz. O cinema tem como interesse e motivação o lucro, e as religiões que tantas vezes não passam de entretenimento, qual é o seu interesse? Esta é uma visão prejudicada pelas cataratas criadas pelos fundamentalismos politico-religiosos; pelo moralismo dogmático, que insiste em desumanizar, sobretudo Jesus e Maria sua Mãe, negando-lhes o que faz de ambos, homem e mulher; pelo sacramentalismo legalista que faz do Espírito Santo um entregador de pizza para quem se dá bom dia como se fosse gorjeta, ou um borracheiro que enche o pneu ou a bexiga com o apertar de um botão. Claro que entra em cheio a ciência da moda. O infantilismo teológico, religioso e espiritual. A misericórdia nem entra no raio de alcance, porque a piedade deixa de ser um meio para alcançá-la e se torna um fim em si mesma.  

Nas condições acimas expostas, rezando em línguas que ninguém as entende, de joelhos no chão, virados para a Meca das verdades e dos interesses individuais, pedindo aos desuses para que não seja real, vêm as perguntas fundamentais: como esperar desta Igreja como o povo de Deus um discernimento de adulto nas questões políticas, sobretudo em momentos de tribulação? Como fazer acontecer na prática a Igreja que testemunha o ressuscitado, fazendo opções semelhantes às dele? Como ser uma igreja que anuncia um mundo novo, reproduzindo velhos pensamentos e velhas formas de pensar, de dominar e oprimir? Como dialogar se os preferidos para este diálogo, os pobres e excluídos, se eles são vistos como vagabundos e mal intencionados? Que só sabem fazer filhos para ganhar o Bolsa Família? Ou são igualmente vagabundos, que sujam e deixam fedidas as nossas ruas, vivendo nelas ou atrapalhando o trânsito com aqueles carrinhos abarrotados de lixo que nós, os mais abençoados e consumistas, nelas o jogamos? Como servir se para grande parte dos católicos, por exemplo, a maioridade penal deve ser reduzida mesmo porque, segundo o Deus Datena, o Deus Ratinho, os Deuses Francisquinho - pai e filho – e a Deusa Raquel e o Super-Deus Cunha, entre outras divindades, são todos bandidos e merecem ser presos e morrer?

São muitas outras perguntas existentes, mas ficaremos apenas com a pergunta que fazia Bartolomeu De Las Casas, no século XVI. “Com que direito fazem isto?” Ou então, em nome de quem é que o fazem? De Jesus? Grosso modo, o que vemos como fruto da infantilização da fé, é o que diz Luiz Dietrich, “Utilizar-se da teologia dos que mataram Jesus, e continuam matando-O em cada esquina, nas periferias das médias e grandes cidades, só que o fazem em nome de Jesus”. Assim naturaliza-se a ideia de que os homossexuais, as pessoas em situação de rua, os negros, as mulheres, por vezes os servidores públicos e até os políticos todos, são menos humanos do que nós, abençoados das pastorais. Afinal, somos de uma pastoral, não fazemos mal a ninguém, não “sujamos” nossas mãos com política, e por isso somos mais abençoados do que os outros. Porém, o Deus do profeta Isaías diz, “(...) Parem de fazer o mal, e aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram os oprimidos, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva” (Isaías 1, 16-17). Não nos basta e não nos é suficiente não fazer ou deixarmos de fazer o mal, é necessário que façamos o bem. Foi isto o que fez Jesus de Nazaré e foi isto o que O levou à morte e morte de cruz.

Por isso é que, tendo por base o Evangelho de Domingo de Ramos, podemos dizer: neste nosso tempo, uma multidão de golpistas (coxinhas?), e semelhantes, saiu às ruas e levou Lula ao juiz Sérgio Moro e disse-lhe: desconfiamos que tudo o que a rede globo diz deste homem é verdade. Segundo esta emissora ele é um criminoso, pois é um líder que o povo escuta, admira e lhe tem gratidão. Além de ter ajudado este povo a sair da miséria quando foi presidente, não se vendeu para os esquemas que sempre existiram, apesar de não os ter conseguido acabar. Ainda, mesmo depois de deixar a presidência, foi morar na mesma casa que morava antes. Mandou investigar todas as denúncias de corrupção, sem distinção de partido nem de pessoa enquanto governou, e além de eleger uma mulher como sua sucessora, ainda a reelegeu. E o pior de tudo é que, mesmo tendo sido feita uma devassa em sua vida, com centenas de calúnias, com grampos no seu telefone residencial sendo mostrados ao vivo por aquela emissora, com sua família exposta à maior humilhação, todos os dias e em quase todos os jornais, escritos, falados e televisados, mesmo assim, ele continua à frente nas pesquisas eleitorais. E anda dizendo que vai voltar em 2018. Este homem é um perigo, é uma ameaça para o sonho de consumo dos dez por cento mais ricos da população deste país, que detêm mais de noventa por cento de sua riqueza. 

E continuaram os coxinhas golpistas dizendo para o seu herói fora da Lei: este homem é um criminoso, excelência! Ele e sua sucessora, entre 2003 e 2013, deram ao Salário Mínimo um aumento real de setenta e dois por cento. Do ano de 2002 para o ano de 2012, reduziram o índice Gini[1], em 17,8% (1,8% ao ano em média) e ainda diminuíram a taxa de pobreza em 61% (5,5% ao ano em média). Os bancos públicos que tinham 35% do mercado hoje têm 55% dele. Como o senhor pode ver excelência, este homem ameaça os nossos privilégios e a sua sucessora está cortando verbas daquele canal de televisão que serviu à ditadura e ganhou muito dinheiro e muitos privilégios e não adianta investiga-lo pelas vias legais, porque ele é burro demais! Não encontramos nada mais que o incriminasse, apesar de termos usados todos os métodos, lícitos e ilícitos, devassamos a sua vida, a vida de seus amigos e familiares inclusive íntima. Estamos todos juntos, Herodes, Pilatos e a Múmia em pó do Faraó. Já temos uma Cunha na Câmara, que está podre, mas é nossa, e de gás estamos bem, mas precisamos prender e humilhar este homem. Não basta apenas prendê-lo. Não dá para enfrenta-lo dentro das Leis, pois logo após ser sequestrado, preso e exposto para o mundo todo, mesmo assim quando saiu ele foi direto para a praça pública falar de paz e de amor! Além de burro, que não sabe ganhar dinheiro, é um babaca que acredita na verdade e que ela virá com o tempo. Mas o que é a verdade?

A estratégia dos corruptos

Enquanto o governo da Presidenta Dilma, o PT e o Lula estiverem não apenas na ordem do dia, mas nos dias todos, não se fala da tragédia de Mariana, crime de responsabilidade da Vale do Rio que era doce, financiadora de campanha de grande parte do congresso que aí está. Enquanto isso também não se fala da aberração que é o presidente da câmara, Eduardo Cunha, acusado de praticamente todas as modalidades de crimes que eles tentam tatuar no ex-presidente Lula, na Presidenta Dilma e no PT. Mas que, segundo faixas e palavras de ordem nos desfiles promovidos pela direita raivosa, e que pediam frequentemente a volta da ditadura, dizendo: “E para isso precisamos acabar com o PT, estamos com o Cunha, ele é corrupto, mas está do nosso lado”. Enquanto isso não se fala, por exemplo, do estado de sítio em que se encontra o Estado de São Paulo, mergulhado no mar de lama e de corrupção, mas que é tudo jogado no limbo do sigilo de 20, 30 e 50 anos. Ou do Estado do Paraná, que vive praticamente um regime de exceção, em que a julgar pelas poucas notícias que escapam, a corrupção está generalizada. Enquanto um homem honesto, justo e pacífico, respeitado e querido pela maior parte de seu povo e dos países do mundo, é perseguido, caluniado e martirizado em vida, não se fala sobre as mudanças, sobre os avanços que tiraram este país do século XIX. E que, em doze anos o fizeram visitar o século XXI erradicando a miséria.

Enquanto o estado de direito é ferido de morte, pela megalomania da (in) justiça brasileira, ideológica, classista e com práticas que se assemelham ao fascismo, ou ao golpismo, para ficar aqui em nossa história recente. Já que este é o sonho de consumo de nossa elite. Ouvi uma conversa instigante na Praça São Sebastião, que fica entre e a Paróquia com o mesmo nome e o teatro Amazonas em Manaus. Um grupo de jovens com alguns adultos conversava e um dos jovens disse: “Agora, só falta eles matarem o Lula. Se ele conseguir se defender de tudo isso que estão lhe acusando sem ser preso, eles vão mata-lo”. Um senhor idoso, aproximou-se deles e disse: “Eu não tenho esse medo, é mais fácil eles matarem aquele juizinho”. O pessoal reagiu dizendo: “Imagina! Aquele juizinho é deles, tem toda proteção, tem privilégios, faz o trabalho sujo que eles não têm coragem de fazer. Eles nunca o matariam!”. O senhor retrucou calmamente. “Se eles fizerem alguma coisa contra o Lula hoje, até as Araras do Pantanal vão saber que foram eles. Agora, se eles derem um jeito no juizinho, vão ficar o resto da vida dizendo que foi o Lula e o PT quem mandaram. Eles vão descartá-lo assim que ele não for mais útil. E basta ele continuar manchando a história do Brasil no exterior, como já está começando a acontecer, que eles vão largá-lo à própria sorte. Como o fizeram com o Joaquim Barbosa”. Todos ficaram intrigados com este raciocínio.

Chamou-me atenção enormemente aquele papo e por mais que me pareça improvável, depois do que eles têm feito para proteger, blindar, colocar em redomas os amigos da direita, tudo é possível. E do que estão sendo capazes de fazer para desmoralizar um líder popular de esquerda, pelo simples fato de ser de esquerda e de não se render às suas tentações, não dá para duvidar de nada mais. É preciso ter cuidado com os heróis que se elegem, igualmente é preciso ter cuidado com quem se condena. Joaquim Barbosa foi o grande herói da direita enquanto lhe foi útil e não lhe trazia riscos. Foi usado para manchar nossa constituição e para mostrar quem é que manda aqui. Quando começava a extrapolar para além dos limites da decência, a achar que podia tudo, o largaram à própria sorte e ele teve que se recolher à sua insignificância. Não tinha mais utilidade. O personagem famoso, o Japonês da Federal, Newton Ishii navegou entre um ícone do carnaval, herói em quadrinhos e máscaras, até cogitado para ser candidato a presidente foi. Não mais que de repente, caiu a máscara, mas não a do carnaval, a da vida real.  Segundo pesquisa no google em 22 de Março de 2016, mas “Ele é ficha suja, membro da corporação desde 1976. Foi preso em flagrante em 2003 e reintegrado através de uma decisão judicial. A Operação Sucuri desbaratou uma quadrilha envolvida na facilitação de contrabando em Foz do Iguaçu. Ishii se aposentou em outubro de 2003, mas em abril de 2014 a aposentadoria foi revogada e ele voltou à ativa[2]”. A pergunta que todos se fazem é: quem bancou o japonês até aqui?

Por fim, depois da fama e do sucesso, parece que o Japonês conheceu a justiça. Depois de ser suspeito de vender informações privilegiadas para a cândida imprensa brasileira, o chamado vazamento de informações das delações, a moda mais atual de nosso tempo, caiu na própria cova, “O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou parcialmente o recurso do agente da Polícia Federal no Paraná Newton Ishii e manteve a sentença da Justiça Federal no Paraná que o condenou por corrupção e descaminho, por ter facilitado a entrada no Brasil de produtos contrabandeados do Paraguai[3]”. Outra pergunta que não quer calar: será que ninguém sabia destes fatos que envolvem o Japonês? Nenhuma destas revistas indignadas com a corrupção e que lutam por justiça sabia de nada? O povo, o Estado e as Leis sempre foram “brinquedinhos’ nas mãos das elites. Elas sempre se divertiram e praticaram suas maldades “brincando” com estes “instrumentos”. O crime que Lula e Dilma cometeram e que parece não ter fiança,  foi o de ter tirado estes “brinquedinhos” das mãos das elites além de mexer no queijo deles.

O Golbery de nosso judiciário, hoje um semideus, um herói da direita corrupta e golpista, que não quer dividir o ar que respira nos aviões e aeroportos com os pobres, tampouco quer ver seus filhos na mesma faculdade, no mesmo curso, quiçá, na mesma sala que o filho da empregada.  Por isso gritam com todo o ódio que o seu coração é capaz de guardar – e não é pouco – que a culpa de tudo é do Lula, da Dilma e do PT. Bendita culpa essa que nos faz conhecer o sonho de gentidade, eu diria parafraseando Santo Agostinho. Lula tem trinta anos de vida política no país. Mora no mesmo endereço em que morava antes de ser Presidente da República. Sai de um sequestro antecedido de violenta invasão à sua casa e as casas de alguns de seus principais amigos, e vai direto para a praça pública denunciar a ânsia de seus opositores em vê-lo preso. Só Nelson Mandela e Lula fazem estas coisas.

Foi em momento histórico na história deste país que, com Lula, nós celebramos a vitória da esperança sobre o medo. Agora, novamente com Lula, celebraremos a vitória do amor e da paz sobre o ódio e a intolerância. Talvez, depois das grosserias, violências e crimes que, instigadas pela mídia golpista, muitas pessoas de bem, mas alienadas praticaram, a direita não tome a única atitude que lhe resta. Fazer uma transfusão de sangue, colocando outro que não seja vermelho, ou pintando de todos os tons cinza o que corre em suas veias. E os cristãos, sedentos de sangue, quem sabe não se convertam, peçam perdão e aceitem o Espírito Santo de Deus tão bem simbolizado pela cor vermelha? A lucidez parece ter tido uma chance. Em São Paulo, onde nos atos de manifestações da direita, o metrô é de graça, e nos dias de manifestação da esquerda o metrô fecha mais cedo, os chefes tucanos são os maiores perdedores. Alckmim e Aécio foram enxotados pelos manifestantes sob os gritos de ladrão, ladrão! Corruptos, corruptos! Ladrão de merenda escolar! Bandidos! E não eram pessoas vestidas de vermelho! Dizem que Fernando Henrique conseguiu fugir antes de ser visto.

Mesmo que duvidando a gente precisa acreditar nas instituições e na democracia brasileiras. Os de verde e amarelo que também se auto intitulam, mais abençoados, mias merecedores e donos da verdade e da justiça, não estão nem aí para a corrupção. Muito pelo contrário! O medo é que não possam mais fazer uso dela para continuar explorando o país e os pobres. Todo mundo esperava que fosse colocada uma pá de cal definitiva em Lula, em Dilma e no PT, com a lista da Odebrecht, mas o tiro saiu pela direita. Lula e Dilma não estão na lista e o vazamento morista, desta vez, vazou pra dentro. Caíram as máscaras dos hipócritas. Todos estão lá com seus nomezinhos seguidos das respectivas cifras. Claro que agora o Juiz pediu sigilo dos nomes e claro que a globo não os leu no jornal nacional. Aqui é impossível não trazer as Palavras de Jesus ditas por Mateus, “E se satanás expulsa satanás, está dividido contra si mesmo” (Mateus, 12, 26).  É por isso que Lula é “sábio e prudente como uma serpente, e simples como uma pomba”, (Mateus, 10, 16). A Jararaca está viva e muito viva! Cada vez mais pessoas vão percebendo que não existe sequer, um novo jeito de praticar a corrupção, apenas a manutenção do jeito tradicional. “A questão central não está na corrupção, até porque, nada comprova que o Brasil é menos corrupto do que os Estados Unidos, por exemplo, mas na ascensão dos pobres”, diz o sociólogo e presidente do IPEA[4], Jessé de Souza.

Voltando à Igreja, já que ela foi o ponto de partida deste texto, ela sempre teve papel decisivo nos momentos mais exigentes da história deste país. Tanto para o bem quanto para o mal. Se por um lado, como foi agora o caso do Bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José Nicioli, que cometeu aquela sandice, ou tucanice, de incitar o povo à violência, a direita conservadora da Igreja sempre se manifesta violentamente, por outro lado, é inquestionável a contribuição profética da Igreja nos momentos de crise. São muitos os exemplos de Sacerdotes e de Bispos que correram os riscos da profecia e resistiram à tentação de poder e fama e foram perseguidos e até martirizados em vida.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – tem se pronunciado sempre com prudência e às vezes com profecia diante de situações que exigem postura, como é o caso desta tentativa de golpe branco em curso no Brasil. Não dá para dizer o mesmo com relação aos presbíteros, que costumam se omitir e entre os que tomam posição, a maioria escolhe o lado de Herodes. Quando não gritam, Barrabás, lavam as mãos como Pilatos. É mais confortável. Será? Depende da resposta à pergunta de Bartolomeu De Las Casas: com que direito? Em nome de quem? Se for em nome de Jesus de Nazaré que o fazem, não pode haver conforto em apoiar Cesar, Herodes e Pilatos. A questão é que eles levam o medo para o povo que acaba não desagradando seu formador e não enfrentando seus opressores. Aliás, nem desagradando e nem agradando, porque o divórcio entre a fé e a política, já denunciado em diversos documentos eclesiais, continua sendo o grande pecado da Igreja.

A gente ver, por exemplo, os grupos internos, alguns dentro das pastorais em que se pode tudo, enviar piadas preconceituosas, desrespeitosas com a dignidade da mulher, do negro, da pessoa com deficiência, do indígena, do idoso, da presidenta do país, até das outras religiões. É um horror! Todos, ou quase todos, se divertem como o faziam com Jesus pregado na cruz. Só não pode falar de política. Aí é desrespeito. Aí não pode. Até mesmo alguns textos bíblicos são censurados. Deixo aqui uma pergunta que meu filho caçula me fez durante uma de nossas muitas conversas, e que eu não soube respondê-la e até agora não tenho a resposta. Qual foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?” Eu pensei nas Pastorais e nos grupos de que faço parte, nas assessorias e até nas poesias que faço. Despois pensei também na catequese, a forma privilegiada que a Igreja tem de evangelizar. Filho, eu não sei responder a sua pergunta, mas lhe agradeço imensamente por tê-la me feito.

João Santiago.
Teólogo, Poeta e Militante.
[email protected]
É Mestre em Teologia pela PUC-PR
E Especialista em Assessora Bíblica pela EST-RS
(41) 9865-7349 TIM e 8489-4530 OI

 

[1] O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità" ("Variabilidade e mutabilidade" em italiano), em 1912. Quanto mais os valores do coeficiente de Gini, se afastarem de 0, maior será a desigualdade. O coeficiente de Gini pode ser usado para ajudar a quantificar as diferenças no bem-estar e de concepções políticas e filosóficas de alguns países.

[2] www.google.com.br 22/03/2016 gppaschoal.jusbrasil.com.br/.../quem-e-o-japones-bonzinho-da-lava-jato

[3] Pesquisa google em 22/03/2016, às 23h28. Por: Estadão Conteúdo - 15/03/2016 - 11h01min | Atualizada em 15/03/2016 - 13h45min

[4] IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

AnexoTamanho
Image icon lula_dilma.jpg2.2 MB