PJMP da Arquidiocese de Natal esteve reunida em assembleia

PJMP: batizada e enviada em missão.

À luz do Ano Internacional das Missões, os e as jovens da PJMP da Arquidiocese de Natal se reuniram em Jandaíra/RN para realizarem sua Assembleia Arquidiocesana, em 30 e 31 de março de 2019. O encontro teve como objetivos o resgate do espírito missionário de ser PJMP na Igreja e na sociedade, a renovação da coordenação diocesana e apresentação a assessoria, a elaboração do planejamento de ações de 2019 a partir das estratégias do Plano Político Pastoral e Missionário (PPPM) e a construção uma análise crítica da realidade social, econômica e política brasileira que ilumine as ações dos grupos de jovens em suas comunidades.          

O evento reuniu 70 pessoas, entre jovens, assessores, colaboradores e identificados como “PJMP sempre” de 6 cidades onde a PJMP está presente e pertencentes à Arquidiocese de Natal. Contou com uma Roda de Conversas que analisou a atual conjuntura política-social do país e a situação da juventude nesse meio, também discutiu o tema da Campanha da Fraternidade – Fraternidade e Políticas Públicas – e a Proposta de Reforma da Previdência. Além disso, os/as jovens também se reuniram para responder à pergunta: como meu grupo vive a PJMP? Foram tratados também os elementos de um trabalho de grupos de jovens com identidade PJMP e realizado os planejamentos de cada cidade e das coordenações para o ano de 2019.

Como gesto concreto, foi escrita uma Moção de Repúdio à Proposta de Reforma da Previdência elencando o que foi discutido na Roda e nossa indignação contra a retirada de direitos. Ao final, o texto foi lido para aprovação dos participantes e divulgado com o objetivo de ser lido e discutido nos grupos de base no Rio Grande do Norte.

Amém, axé, awerê, aleluia!

 

Confira a Moção de Repúdio na íntegra. 

 

MOÇÃO DE REPÚDIO À PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA

 

“Somos filhos de trabalhadores; a nossa classe é a classe popular! Nós temos sonhos e também muitos amores. Também queremos trabalhar, participar! É a juventude do meio popular”. É com este lindo e animador trecho de nosso Ileaô, que os grupos de jovens da PJMP, reunidos em Assembleia Arquidiocesana, nos dias 30 e 31 de março, em Jandaíra/RN, vêm a público se opor à atual política de governo e à proposta de Reforma da Previdência.

A PJMP espera, neste ano, aprimorar e intensificar o seu engajamento e o seu compromisso na defesa da justiça, da paz e da verdade em nossa sociedade. Desde seu nascimento, em 1978, sempre se colocou diante dos grandes acontecimentos da nossa realidade em defesa dos Direitos Humanos e da “vida em plenitude” (Jo 10, 10).

Atualmente, vivemos uma profunda crise do capitalismo que converge em outras crises - econômicas, políticas, sociais e ambientais -, criam um cenário de golpe de Estado de estruturação neoliberal e impõe derrotas às forças democráticas e populares, culminando no golpe de 2016, a partir do impedimento da presidenta Dilma Rousseff, sem comprovação de crime de responsabilidade. Esse processo se aprofunda com a aplicação da agenda neoliberal de retirada dos direitos sociais: reforma trabalhista, privatização de Estatais e a PEC 95 (congelamento dos gastos, por 20 anos, da saúde e da educação).

Nesse contexto, acompanhamos a ascensão da extrema direita neofascista que persegue as forças populares, os partidos progressistas e as diversas formas de ativismo social e político, tendo a prisão sem provas do ex-presidente Lula como principal exemplo. Movidos pelos setores financeiros das elites brasileira e internacional, do agronegócio e dos bancos, articularam o golpe de 2016 e a posterior vitória eleitoral de Jair Bolsonaro.

Por sermos batizados e enviados em missão, temos o dever de nos posicionarmos contrários/as a todas as reformas e ações que violam os Direitos Humanos. A Reforma da Previdência defende e estima uma economia de 1,165 trilhão de reais em uma década. “Desse montante, 75,6% decorrem da subtração de direitos dos ‘privilegiados’ do INSS (rural e urbano), do BPC e do Abono Salarial. Ou seja, dos mais pobres” (Carta Capital, 25/03/2019).

Entendemos a Reforma da Previdência como um projeto que visa o aprofundamento das históricas desigualdades sociais de nosso país por se negar discutir caminhos que criem condições para a retomada do crescimento e, em lugar disto, defender medidas de caráter injusto e desigual que agridem amplamente as camadas mais pobres. Deveria debater vias mais alternativas, como o combate à sonegação de impostos e a revisão das isenções tributárias - que juntas impedem o país de arrecadar bilhões de reais.  No lugar disso, escolhe-se colocar em prática medidas que afetam diretamente as camadas mais empobrecidas, como exemplo a fixação das idades mínimas para aposentadoria de homens e mulheres em 65 e 62 anos, respectivamente, e a diminuição de um salário mínimo para R$ 400,00 do valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a idosos pobres a partir de 60 anos.

Como jovens do meio popular, destacamos o quanto nós, da classe trabalhadora, seremos os mais prejudicados com essa proposta terrorista de Reforma da Previdência, já que nela se sugere a mudança do tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos, dificultando o acesso à aposentadoria. Grande parte dos jovens, atualmente, entra no mercado de trabalho como aprendizes, bolsistas e estagiários, não sendo, assim, aceitos no modelo de reconhecimento previdenciário. Somando isto a outros fatores, como a terceirização aprovada na Reforma Trabalhista, identificamos grandes dificuldades para que o jovem se insira em um contrato formal, colocando-o como uma das grandes vítimas desta Contrarreforma. 

Outro grupo que sofrerá demasiadamente com essas mudanças é a população idosa. Em países, a exemplo do Chile, onde esse modelo foi implantado, gerou altos níveis de empobrecimento da população causando profundas desigualdades sociais e econômicas, além dos elevados índices de suicídios entre a população aposentada.

A Igreja, a partir da fala do Papa Francisco, tem como orientação "a política - diz a Doutrina Social da Igreja - é uma das formas mais elevadas da caridade, porque serve ao bem comum. Eu não posso lavar as mãos, né? Todos devemos dar algo!" E a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tem realizado uma ação profética de denunciar a proposta de Reforma da Previdência e suas consequências sobre as vidas dos mais empobrecidos.

Em comunhão com o Papa Francisco e a CNBB, a PJMP da Arquidiocese de Natal reafirma o seu posicionamento contrário à Reforma da Previdência, pois, sendo batizada e enviada em missão, tem o compromisso histórico de defender os direitos conquistados pela classe trabalhadora.

            Assinam essa moção de repúdio, todos os grupos de jovens da PJMP da Arquidiocese de Natal.

Jandaíra, 30 de Março de 2019.