A PJMP DESEJA A TODOS/AS UM FELIZ NATAL!!!

Algumas reflexões de Natal feitas por Dom Pedro Casaldáliga, Bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia.

É difícil detectar O Anúncio
em meio a tantos anúncios que nos invadem.

Ainda existe Natal? 
Natal é a Boa Nova? 
Natal é também Páscoa?

Sabemos que «não há lugar para eles». 
Sabemos que há lugar para todos, 
até para Deus…

O boi e a mula, 
fugindo do latifúndio, 
se refugiaram nos olhos desta Criança.

A fome não é só um problema social, 
é um crime mundial.

Contra o Agro-Negócio capitalista, 
a Agro-Vida, o Bem Viver.

Tudo pode ser mentira,
menos a verdade de que Deus é Amor 
e de que toda a Humanidade 
é uma só família.

Deus continua entrando por debaixo, 
pequeno, pobre, impotente, 
mas trazendo-nos a sua Paz.

A dona Maria e o seu José 
continuam na comunidade. 
A Veva continua sendo tapirapé. 
O sangue dos mártires 
continua fecundando a primavera alternativa. 
Os cajados dos pastores 
(e do Parkinson também), 
as bandeiras militantes, 
as mãos solidárias 
e os cantos da juventude 
continuam alentando a Caminhada.

As estrelas só se enxergam de noite. 
E de noite surge o Ressuscitado.

«Não tenhais medo».

Em coerência, com teimosia e na Esperança, 
sejamos cada dia Natal, 
cada dia sejamos Páscoa.

Amém, Axé, Awire, Aleluia.

Sentinela, o que há da noite?
O que há da crise?
- De onde perguntas?

Perguntas desde a fome
ou desde o consumismo?
O grito dos pobres
sacode tuas perguntas?

Pastores marginais
cantam a Boa Nova
com flautas e silêncios,
contra os grandes meios,
os meios dos grandes.

Nasceu-nos um Menino,
um Deus nos foi dado.

É para nascer de novo,
desnudos como o Menino,
descalços de cobiça,
de medo e de poder,
sobre a terra vermelha.

É para nascer de novo,
abertos ao Mistério,
ungidos de esperança.

Natal, um Natal outro:
para descobrir, acolher e anunciar
o Deus-conosco, hoje, aqui;
segundo Mateus, capítulo 25,
Quem se entende com os pobres
pode-se entender com Deus.

Somente assim, feito criança,
feito Deus vindo a menos,
poderíamos te encontrar,
diariamente nosso,
entre Belém e a Páscoa,
Jesus, o de Nazaré.

Ano Novo, Tempo Novo,
alternativo
na Política, na Economia, na Religião.
Contra os grandes projetos de morte,
o grande projeto da Vida.
Contra o consumismo depredador
entre as armas e agrotóxicos,
consumamos indignação
com ternura e militância.
Vivemos em Sumak Kawsay.

Terra e Paz para o Povo Palestino,
para o Povo Kaiowá Guarani,
para todos os povos indígenas e quilombolas,
para todas as migrações do mundo,
para o bilhão de gente humana
condenada à fome....

Apesar de todas as crises,
se podemos balouçar a Deus
entre os braços de Maria e José 
não há motivo para ter medo.
Deus está ao alcance
da nossa Esperança.

 

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