É difícil detectar O Anúncio
em meio a tantos anúncios que nos invadem.
Ainda existe Natal?
Natal é a Boa Nova?
Natal é também Páscoa?
Sabemos que «não há lugar para eles».
Sabemos que há lugar para todos,
até para Deus…
O boi e a mula,
fugindo do latifúndio,
se refugiaram nos olhos desta Criança.
A fome não é só um problema social,
é um crime mundial.
Contra o Agro-Negócio capitalista,
a Agro-Vida, o Bem Viver.
Tudo pode ser mentira,
menos a verdade de que Deus é Amor
e de que toda a Humanidade
é uma só família.
Deus continua entrando por debaixo,
pequeno, pobre, impotente,
mas trazendo-nos a sua Paz.
A dona Maria e o seu José
continuam na comunidade.
A Veva continua sendo tapirapé.
O sangue dos mártires
continua fecundando a primavera alternativa.
Os cajados dos pastores
(e do Parkinson também),
as bandeiras militantes,
as mãos solidárias
e os cantos da juventude
continuam alentando a Caminhada.
As estrelas só se enxergam de noite.
E de noite surge o Ressuscitado.
«Não tenhais medo».
Em coerência, com teimosia e na Esperança,
sejamos cada dia Natal,
cada dia sejamos Páscoa.
Amém, Axé, Awire, Aleluia.
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Sentinela, o que há da noite?
O que há da crise?
- De onde perguntas?
Perguntas desde a fome
ou desde o consumismo?
O grito dos pobres
sacode tuas perguntas?
Pastores marginais
cantam a Boa Nova
com flautas e silêncios,
contra os grandes meios,
os meios dos grandes.
Nasceu-nos um Menino,
um Deus nos foi dado.
É para nascer de novo,
desnudos como o Menino,
descalços de cobiça,
de medo e de poder,
sobre a terra vermelha.
É para nascer de novo,
abertos ao Mistério,
ungidos de esperança.
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Natal, um Natal outro:
para descobrir, acolher e anunciar
o Deus-conosco, hoje, aqui;
segundo Mateus, capítulo 25,
Quem se entende com os pobres
pode-se entender com Deus.
Somente assim, feito criança,
feito Deus vindo a menos,
poderíamos te encontrar,
diariamente nosso,
entre Belém e a Páscoa,
Jesus, o de Nazaré.
Ano Novo, Tempo Novo,
alternativo
na Política, na Economia, na Religião.
Contra os grandes projetos de morte,
o grande projeto da Vida.
Contra o consumismo depredador
entre as armas e agrotóxicos,
consumamos indignação
com ternura e militância.
Vivemos em Sumak Kawsay.
Terra e Paz para o Povo Palestino,
para o Povo Kaiowá Guarani,
para todos os povos indígenas e quilombolas,
para todas as migrações do mundo,
para o bilhão de gente humana
condenada à fome....
Apesar de todas as crises,
se podemos balouçar a Deus
entre os braços de Maria e José
não há motivo para ter medo.
Deus está ao alcance
da nossa Esperança.
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