Algumas experiências das Campanhas da Fraternidade de 2014 a 2019

O que vi, ouvi e li e o que senti e vivi, dou-lhes testemunho para que a Igreja seja um riacho que jorra água de uma Fonte de vida eterna e haja comunhão entre nós e com a Trindade (1Jo 1, 1-3).

  1. Introdução

         Este texto está nascendo agora, mas ele foi gestado lentamente num período de cinco anos 2014-2019. É uma gestação longa para um texto, mas curta para um tema tão importante como as Campanhas da Fraternidade. Ao iniciá-lo tornou-se possível perceber que estamos falando de meia década de história. São cinco anos de história da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese de Curitiba. Algumas partes suas estão gravadas na memória e aguardaram por outras que, ano após ano, foram se juntando. A principal novidade dele é a conjuntura política adversa em nosso país e que tem em nossa Região Sul, sobretudo em nossa Capital, o ponto máximo de radicalização. A negação da política como forma naturalizar a política de colonização dos grupos abastados economicamente sobre os pobres. Com o consentimento destes. A Igreja tornou-se suspeita, ameaçada e perseguida. As vezes pela própria Igreja. O conservadorismo político e religioso, ultrapassou os seus próprios limites, entrando no campo da intolerância, expressada em preconceito étnico-racial, homofobia, xenofobia, misoginia e perda da sensibilidade para com o outro. De modo especial quando este outro, além de estar entre os segmentos citados, ser pobre. O objetivo deste texto é antes um sentimento de dever de registrar esta experiência e depois deixar pegadas, rastros, marcas do que foi vivido para ajudar outras experiências e mesmo para quem assumir a coordenação das próximas Campanhas da Fraternidade ou qualquer pastoral. Três temas foram expostos e agigantaram-se criando um abismo entre a fé e a vida; entre a Igreja e a sociedade; entre a religião e o compromisso profético: os fundamentalismos religiosos e políticos; a inconsistência teológica da ação pastoral e das Comunidades Eclesiais de Base, excessivamente dependentes do clero; e o divórcio injustificável entre a fé e a política, fruto do analfabetismo político e religioso da grande maioria do povo cristão católico. Na prática, rompeu-se a relação entre Deus e o ser humano, entre o povo e seu Deus, entre a teologia e a antropologia. Na esteira de Enio Ronald Muller, que discute o Sistema Teológico em Paul Tillich, a partir da simbiose entre Teologia e Antropologia, ele diz que, “Falar de um é sempre falar também já do outro. Teologia e antropologia, aí, se pertencem, na linguagem de Tillich, estão em constante e intrínseca correlação” (in MULLER; BEIMS, 2005, p73). Na teologia que faz das Campanhas da Fraternidade uma ação profética em sintonia com a mensagem evangélica e com a Igreja Povo de Deus nascida no Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) não cabem essas dicotomias. O fato é que, as elites brasileiras não suportaram a ascensão dos pobres. Destilaram avareza, egoísmo elevado ao extremo. Tanto que se tornaram uma maldição, absolutizando as coisas como o máximo valor e tornando em coisas sem valor, a vida e as pessoas.

 

  1. O Ano de 2014

         Em 2014, a Igreja no Brasil corajosa e ousadamente denunciou o tráfico humano através da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Tráfico Humano”. Uma pergunta, no entanto, pula curiosa e saliente, cada vez que dizemos a palavra Igreja. Que Igreja? Vista como una na sua diversidade, existem, portanto, vários jeitos de ser dentro da mesma Igreja. Aqui, estamos  falando de uma Igreja duplamente Samaritana: que sente sede de água Viva, e conhece o dom de Deus, mesmo que não tenha nem mesmo uma caneca para pegar a água (Jo 4, 1-42); que tem mais perguntas do que respostas, que sabe ouvir e reconhecer o seu próximo nos injustiçados e é capaz de compaixão e de cuidado (Lc 10, 25-37); que estar mais nos caminhos, nas ruas, nas casas, nos presídios, nas tempestades que amedrontam o povo, nos desertos, preparando caminhos, e nos tribunais, acusada e perseguida e nos prostíbulos, do que dando voltas em torno de altares, templos e muros, como a Igreja Nazareno-Paulina que vive a fé testemunha o amor de Deus e contesta a lei quando ela é injusta,  (Mt 5, 1-12; Mc 4, 35-41; Lc 7, 24-28; Jo 1, 1-11; Gl 2, 11; Ef 4, 1-13); que carrega no próprio sangue o DNA dos malvistos, excluídos, estrangeiros e impuros (Mt 1, 1-16); que se alegra com o chamado e com a missão e com a glória de Deus como o Batista (Jo 3, 22-30).

 O Objetivo Geral da CF-2014, nos confirma o enredo narrado acima, “Identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus” (TB, p 38). Essa é a hora da solidão e o caminho do deserto na Igreja. São poucas as companhias e a gente entende porque Jesus conversava tanto com o Pai.

            O ano de 2014 será lembrado na história do Brasil, não pela Campanha da Fraternidade, mas como um momento de maldição para o povo brasileiro. Findava-se ali, a primeira década em que o Estado Brasileiro mais exerceu a sua função social, com políticas públicas de inclusão, com democracia, participação popular, liberdade e Desenvolvimento econômico, social e humano. E iniciávamos naquele ano, a segunda década reelegendo uma mulher presidenta do Brasil, com todas as classes sociais, todas as etnias, todos os gêneros e de todas as regiões do país, empregados, conquistando a casa própria, ganhando os maiores salários da nossa história, andando de avião, entrando nas universidades, sobretudo, públicas, e descobrindo-se como seres de direito.

 A malignidade feita de ganâncias, egoísmos e violências das elites brasileiras, no entanto, representada pela iniquidade de nossa imbecil classe média, não poderiam suportar a continuidade desta política. E de fato não apenas não a suportaram, mas, com a cumplicidade de um tipo de “cristão” que não conhece a Cristo, não permitiram. Dois males ainda sem vacina comprovada acamaram temporariamente o nosso sonho de nação e de povo: o analfabetismo religioso e político e o fundamentalismo alimentado, como sempre, pela alienação. Quando vemos um cristão ou uma cristã relativizar a dor e o sofrimento do outro, e desejar a vingança como substituta da justiça, estamos vendo alguém que apenas se diz cristão ou cristã. Consciente ou inconscientemente ainda persegue a Jesus de Nazaré e não teve aquele encontro pessoal e transformador com Ele (At 9, 1-9).

            À luz do filósofo e cientista político lituano, Leônidas Donskis, “ Livros sobre “a nova tirania liberal”, “o totalitarismo soft”, “o fascismo liberal” etc., supostamente emergente, começaram a proliferar na última década (...) Diante de nossos olhos, a cultura do medo produz a política do medo” (in Bauman, 2014, p 116/117). Aqui, ao contrário da realidade do Leste da Europa, livros não formam a opinião da população. Aqui são os meios de comunicação que exercem o trabalho sujo de consagrar e amaldiçoar quem e quando quiserem as elites internas e externas. Pois bem, aqui eles conseguiram convencer a população de que, “totalitarismo soft” se chama “ditadura democrática” e que “fascismo liberal” é anticomunismo cristão. À luz do biblista Luiz Dietrich, eles, os cristãos que defendem a tortura como método de julgamento, que dá dinheiro público para os ricos é ajudar os pobres, e a pena de morte como método de fazer justiça, “exercem a teologia que perseguiu, prendeu, torturou e matou Jesus de Nazaré, só que o fazem isso em nome de Jesus”. É cruel. A política e a religião, a partir da negação das duas, construindo o inferno para os pobres no Brasil. Foi assim que a direita política e a religião como alucinógeno deram o golpe e cassaram sem provas e sem crime, portanto, uma presidenta reeleita democraticamente.

            Frente a tudo isso, que ainda não se tinha noção do alcance, tínhamos um grupo de assessores da Campanha da Fraternidade, andando pelas comunidades da Região Metropolitana de Curitiba, sendo bombardeada com frases feitas e de efeito. Tipo: “Tráfico Humano existe mesmo? ” Ou, “Você conhece alguém ou alguma família que passou por isso? ”  Ainda, “O que a Igreja tem que ver com isso? ” E provavelmente o que mais destoava da Doutrina Social da Igreja – ilustre desconhecida da maioria -, e sem nenhuma conexão com a misericórdia que faz pulsar o Evangelho, provocando em nós muitas reflexões, era ouvir que isso acontecia, se realmente acontecia, pela ambição das pessoas. “É preço que se paga pela ambição de se dá bem, ”, diziam. A velha e sempre nova e igualmente cruel prática de culpar a vítima. Por isso, trazemos aqui a metodologia do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI – na sabedoria do Frei Carlos Mesters em seu livrinho, “Flor sem Defesa”,

Certa vez, numa reunião de 38 animadores de diversas comunidades do interior do Ceará, fiz a seguinte pergunta: “Quais as dificuldades que vocês encontram dentro da Bíblia? ”  Fizeram um breve cochicho e apresentaram 12 dificuldades: “O que significa: 1. Gentio; 2. Escriba; 3. Doze tribos; 4. Levita; 5. Fariseu; 6. Sedutor do povo; 7. Bom Samaritano; 8. Faraó; 9. Bom Irmão; 10. Mago do Oriente; 11. Publicano; 12. Quem eram os Sacerdotes daquele tempo? ” (MESTERS, 1991, p 119).

            Este testemunho nos traz muitas lições! A primeira é a importância de ouvir o povo e reconhecer o seu lugar teológico como válido e único. Andamos por aí, falando de muitas coisas, apresentando muitos temas e através deles com palavras que o povo sequer, sabe o que significa. Muitas vezes na Igreja, damos respostas para perguntas que ninguém as faz mais. Usamos uma linguagem eucêntrica e falamos para nós mesmos.

 

  1. O Ano de 2015

            Em 2015, a Igreja celebrou os cinquenta anos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), que, nas palavras e na vontade de São João XXIII, o Papa que convocou o Concílio, tinha a missão de pôr a Igreja diante do Mundo Moderno, o mundo das ciências, das tecnologias e das informações. Não contra ele e tampouco a ele adaptada, mas nele inserida, para transformá-lo. Assim o dizem a Lumen Gentium e a Gaudium et Spes. Para celebrar tudo isso e reafirmar o compromisso da Igreja Povo de Deus, a Campanha da Fraternidade teve como tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. Não por acaso, o seu Objetivo Geral era: “Aprofundar à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, proposto pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus” (TB-CF2015, nº 13). Três urgências foram constatadas naquele momento: a primeira seria começar a reorganizar a assessoria da Campanha da Fraternidade. Mito dispersa e de certa forma desmotivada. Juntamente com Maria Inez, que estava na secretaria da Dimensão Social, começamos o trabalho de reencantamento. Era como dizíamos. A segunda seria ir divulgando o Fundo Diocesano de Solidariedade, o principal Gesto Concreto da Campanha da Fraternidade. Em seguida motivando para a campanha da coleta no Domingo de Ramos. A terceira urgência seria ir atrás de abrir espaços para as Audiências Públicas sobre o tema da Campanha, na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa. Em todos estes anos nós tivemos Audiências Públicas discutindo os temas da Campanha da Fraternidade nestas casas.

Além de nos ajudar a perceber que a maioria absoluta dos católicos e católicas vivem como se o Concílio Vaticano II não tivesse existido, o conceito de serviço ensinado, sobretudo para as crianças e adolescentes na Igreja, é ir “servir” na missa, nos Domingos de sua escala. Igualmente para a grande parte dos Ministros da Eucaristia e da Palavra. Para ambos, servir é isso. É visível a dificuldade da Igreja de transmitir a fé às novas gerações. Ensina-se a obedecer, a decorar, a chorar e a repetir gestos e ritos, mas a fé como algo que compromete, liberta, conscientiza e transforma, é até malvista. Não raro, ouve-se dizer que isso é ideologia, é política e assim, a piedade é o grau máximo a ser atingido. A misericórdia ainda perde o seu lugar para os sacrifícios (Os 6,6). Estes sim, são pregados e louvados. Os pregadores que arrebanham multidões e que as domesticam ensinando-as a fecharem os olhos, abaixarem as cabeças, a andarem em círculos em torno de altares, templos e muros, naturalizam uma espécie de “masoquismo cristão” que frequentemente as idiotiza. As ensinam a exaltar o sofrimento e a humilhação como se fossem equivalentes ao desapego e a humildade. O resultado é uma multidão de pessoas indiferentes com as questões políticas e sociais, insensíveis às dores dos outros e que se comprazem com o autoritarismo, seja do Estado, da Igreja ou de quem quer que seja. Senão, vejamos,

Outro critério fundamental para sua atuação é a atenção aos pobres e sofredores, às “periferias existenciais”, como as denomina o Papa Francisco. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”, disse ele aos jornalistas logo depois de sua eleição como Bispo de Roma. Na homilia que pronunciou em Lampedusa, a ilha dos náufragos Prófugos, mencionando a tragédia da morte dos pobres, ele recorda que “quando não estamos atentos ao mundo em que vivemos” ficamos desorientados, envolvidos pela cultura do bem-estar que leva à “globalização da indiferença”: habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa” (homilia dia 08 de julho de 2013). (in TB-CF2015, nº 221).

            Dois fatores foram muito importantes para que nos fosse possível levar essa palavra profética aos interiores da Igreja: o primeiro está bem representado na citação do Papa Francisco transcrita acima. O segundo, sem dúvida, foi a presença profética de Dom Peruzzo em nossa Arquidiocese. Dom Peruzzo chegou e encarnou a mensagem do Evangelho, dizendo-a de forma muito bem elaborada, com muita propriedade, mas igualmente a pronunciando com ações, indo a todos os lugares que lhe convidavam. Ele fazia nos arder os corações (Lc 24, 32) com suas palavras e muitas vezes nos abriu os olhos (Lc 24, 31) com seus gestos e suas atitudes. Dom Peruzzo escreveu um Evangelho com os próprios pés, impregnou suas vestes com cheio de suas ovelhas.

 

  1. O Ano de 2016

Em 2016, vivíamos, talvez, um dos momentos mais difíceis de nossa história recente. As elites brasileiras e a classe média alta, e representantes da burguesia interna donas das modernas capitanias hereditárias: o judiciário; os partidos políticos de direita; os grandes veículos de comunicação; boa parte dos governos locais de direita; a grande maioria das lideranças das Igrejas neopentecostais; e importantes setores conservadores da Igreja Católica, financiavam, apoiavam e lucravam com as mentiras, as calúnias e as ameaças que preparavam o golpe covarde contra a nossa democracia. A Igreja que reconhece o Concílio Ecumênico Vaticano II, que reza pelo Papa Francisco e reconhece nele o nosso Pastor, através da CNBB, lançou a Campanha da Fraternidade com o tema: “Casa Comum, nossa responsabilidade”. Ainda sem entendermos bem a dimensão do que estava acontecendo e menos ainda do iria acontecer, saímos a dialogar com o povo nas comunidades. A providência divina presente nesta Campanha da Fraternidade, se manifestava de modo explícito, no seu lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). Teologia, Poesia e Profecia, raramente brincam juntas, deste jeito, como três primas que co-dividem os terreiros de suas casas. O Profeta Amós (760 a. C.) era um sitiante filho de Teqoa, um vaqueiro que cultivava sicômoros (Am 7, 14), que como diz na introdução da Bíblia Nova Pastoral, “Caiu na arapuca de Deus”. Muitas vezes, conversando entre nós, membros da equipe da CF-2016, era essa a sensação que tínhamos. Ainda bem que foi na arapuca de Deus, dizíamos. Porque já era possível ver muita gente que se dizia cristã, caindo em outras arapucas.

            Entre muitas incompreensões, contestações e até desaforos, ouvidos nas assessorias, uns duvidavam, outros tentavam desqualificar a fonte, um dado escandalizava a população curitibana: o fato de Curitiba, alardeada por muitos anos como a capital ecológica, aparecer no mapa do Saneamento Básico como mãe do segundo rio mais poluído do país. O rio Iguaçu, no trecho que contorna a capital de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Perdendo apenas para o rio Tietê, em São Paulo. É impressionante como as pessoas têm dificuldade de aceitar uma Campanha da Fraternidade Ecumênica. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC – é formado pelas denominações: Igreja Católica e Apostólica Romana (ICAR); Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB); Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB); Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU); Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA). Foi o CONIC quem organizou a CFE-2016. O Objetivo Geral da CFE-2016 nos diz muito sobre a Igreja, mas introduziu uma palavra ainda demonizada pela piedade católica: a política. “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum” (TB-CFE2016, nº 26). O ano de 2016, foi o ano de consolidação do golpe contra a nossa democracia, a legitimação do golpista maior como presidente e o início do desmanche das políticas públicas sociais. De forma especial, dos investimentos no Saneamento Básico, o que fez o tema ainda mais relevante, e dos Direitos Trabalhistas.

 

  1. O Ano de 2017

Em 2017 tivemos, como fruto do complô golpista, um retrocesso inimaginável há três anos. A insana campanha contra a política e os políticos, encabeçada pela nata corrupta da politicagem, elegeu prefeitos, famílias e grupos tradicionalmente conhecidos por práticas inescrupulosas, muitas vezes através de “laranjas” que se diziam avesso à política e que não tinham propostas para governar. Em nome do novo o que há de mais velho foi elevado ao trono. Velho aqui é à moda Paulo Freire, velho porque perdeu a validade, não serve mais para nada. O tema político era apenas falar mal do adversário. Já a Campanha da Fraternidade nos brindou com um belíssimo tema: ”Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”. Já na apresentação do Texto Base a CNBB, como boa mestra, fazia esta importante explicação:

“Bioma quer dizer a vida que se manifesta em um conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais. Uma “paisagem” que mostra uma unidade entre os diversos elementos da natureza. “Um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum” (Texto-Base CF 2017, introdução). (TB-CF2017, p 9/10)

Esta informação se fez importante e necessária, porque, quase ninguém sabia o que significa Bioma. Por isso também logo em seguida já se encontra explicado, “A expressão bioma vem de “bio”, que em grego quer dizer “vida” e “oma”, sufixo também grego que quer dizer “massa”, grupo ou estrutura de vida” (TB 2017, nº 4). Para cumprir o seu Objetivo Geral, que era: “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho” (TB2017, nº 10), era preciso saber o que é bioma. A estas alturas com a concretização do golpe e a consequente legitimação dos golpistas no governo do país, já não tínhamos mais políticas ambientais. Abandonou-se a política de convivência com O Semi-Árido; ignorou-se a proteção do Serrado, fechando-se os olhos para projeto MATOPIBA; e o pouco que nos resta da Mata Atlântica pouco importava ao governo golpista. A voz da Igreja, no entanto ecoou com firmeza.

 

  1. O ano de 2018

Em 2018 tivemos eleições gerais para presidente e vice-presidente; para governadores; deputados federais e estaduais. Venceu a não política, a despolitização e o Caixa 2. Venceu o ódio maquiado de fake news. Saíram dos sepulcros e dos sarcófagos os cadáveres e as múmias que ninguém imaginava que pudessem voltar. Ou até mesmo existir. Foi a eleição das fake news. Da negação da política e da democracia. Frente à idiotização generalizada da população, feita através das grandes empresas de comunicação, protegido pela banda podre do judiciário e como disse um parlamentar golpista e corrupto, era um “esquema” com o supremo e tudo. A violência tornou-se um método de campanha e ser violento uma “virtude”. A principal promessa de campanha era matar. Quando não era matar, era mandar matar. Estavam criadas através do medo e da ameaça, as condições para se eleger qualquer imbecil. E foi com esse cenário que a Igreja, mais uma vez, providencialmente, apresentou a Campanha da Fraternidade com o tema: “Fraternidade e Superação da Violência”. Foram muitas as “legiões” (não tem outro nome), a acusarem e a perseguirem a Igreja. O meio mais fácil para isso era através da equipe da Campanha da Fraternidade. Ameaças veladas e diretas nas assessorias, ofensas aos Bispos e ao Papa, feitas originalmente por dementes bem pagos, mas reproduzidos por pessoas totalmente desumanizadas, idiotizadas e incapazes de raciocinar. Muitas vezes com crucifixo pendurado no pescoço. Esta Campanha da Fraternidade revelou e desvelou muito sobre quem segue a Jesus de Nazaré e quem o persegue. Quem vive nas Igrejas, mas não sabe a quem serve.

 

  1. O Ano de 2019

Em 2019 o Brasil já tinha desembocado no precipício do vácuo constitucional. A banda podre do judiciário brasileiro, financiada pelos dólares e pela inteligência estadunidense; que desmoralizara o nosso Estado de Direito e literalmente ter rasgado a nossa Constituição Cidadã de 1988; prendendo sem provas o candidato à presidência que em todas as pesquisas seria eleito no primeiro turno. Tanto que recebeu como prêmio, pelo serviço sujo prestado, o Ministério da Justiça. O analfabetismo político da maioria da população, no entanto, trouxe uma resignação vergonhosamente vestida de comodismo.

Os muitos que apesar de viverem na Igreja, não pensam e não vivem como cristãos; que eram intolerantes, fundamentalistas e violentos; que nos questionavam nas assessorias e nos insultavam nas redes sociais, chamando-nos de petistas, corruptos e comunistas; que postavam mensagens contra a CNBB, contra o Papa e tentavam boicotar a ida de nossos Bispos às paróquias; que defendiam – muitos continuam defendendo – a ditadura e a pena de morte; agora dizem: “temos que dá tempo para o “homem” consertar o país”. Ou ainda uma das frases mais reveladores da deficiência de nossa catequese e de nossa evangelização: “a Igreja não tem que se meter em política”. Desconhecem a Palavra de Deus; ignoram e combatem a Doutrina Social da Igreja; e acham que os Direitos Humanos – tão caros à nossa Igreja e ao cristianismo – são “bandeiras” do PT e pautas comunistas. Na esteira de Armando Boito Jr, “O Judiciário essa penúltima trincheira das forças conservadoras – a última, como sabemos todos na América Latina, são as Forças Armadas -, voltou-se contra a política de centro-esquerda do PT” (BOITO JR,2018, p 249).

Bem, em meio à tempestade que só crescia, a Igreja lança em 2019 a Campanha da Fraternidade com o tema: “Fraternidade e Políticas Públicas. Outra inspiração divina da CNBB. A equipe de Campanha da Fraternidade da Arquidiocese de Curitiba, no entanto, se fortaleceu nestes últimos quatro anos. Agora, já estamos mais de trinta lideranças, inseridas nos mais diversificados espaços da sociedade. Professores universitários, advogados, assistentes sociais, jornalistas, filósofos, teólogos, professores da rede estadual de educação, coordenadores de pastorais, gestores públicos, conselheiros nos mais diversos conselhos de direitos existentes, entre outros. Isso nos possibilitou iniciar o ano fazendo um seminário de formação sobre a Campanha da Fraternidade em parceira com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. Toda a Inteligência sistematizada em pesquisas acadêmicas, a serviço da Igreja. Um antigo sonho perseguido nos últimos anos. Todas as vivências da Dimensão Social da Arquidiocese reconhecida e em diálogo com professores e professoras, sobretudo nas áreas de teologia; Direitos Humanos; filosofia; Serviço Social. Através de exposições feitas pelos principais pesquisadores destas áreas, de oficinas participativas, tivemos uma vivência de aprendizagem. Uma troca de experiências, de saberes, de impressões e afetos.  

Quando falamos em providência divina com relação aos temas, é porque, frente a idiotice generalizada que tomou conta do país, seria inviável falarmos de política dentro da Igreja, não fôssemos autorizados por ela. Tendo em vista que, mais do que idiotice, o ódio enxertado pelos partidos de direita e pela grande mídia, encontrou solo fértil dentro dos movimentos conservadores da Igreja. O trigo foi sufocado pelo joio e apenas resistiu. Na analogia maravilhosa e bem fundamentada do biblista Ildo Bohn Gass, “A perspectiva bíblica/teológica/eclesial do Papa João Paulo II, com seu longo e marcante papado, para interpretar a Palavra de Deus, usava de dois filtros, pela ordem, o Catecismo da Igreja Católica e o Direito Canônico”. São os mesmos filtros do Papa Emérito Bento XVI, porém, invertida a ordem. “A perspectiva bíblica/teológica/eclesial do Papa Bento XVI, que para interpretar as Escrituras usa de dois filtros: o Direito Canônico e o Catecismo da Igreja Católica, nesta ordem, e somente depois, à luz destes documentos interpreta a Palavra de Deus na Igreja”.

Esta foi uma excelente chave de leitura que nos deu outras perspectivas e novos elementos para seguir em frente. Até porque, segue Bohn Gass, “O modo de interpretar as Escrituras de João Paulo II e Bento XVI, agora tenta resistir, mas não tem forças para sobressair na perspectiva do Papa Francisco. O Papa do fim do mundo, ao contrário dos seus antecessores, usa Bíblia como lente, como luz, para interpretar o Direito Canônico e o Catecismo da Igreja Católica”. Os movimentos conservadores não só sentem saudade de João Paulo II e de Bento XVI, mas defendem a sua visão conservadora e verticalizada de uma Igreja sob a ótica da autorreferencialidade e clericalizada. Quando nos atacavam nas comunidades, dizendo que a Igreja estava se contradizendo, uma vez que o Catecismo da Igreja Católica defende o legitimo direito da defesa, consciente ou inconscientemente eles estavam recorrendo aos filtros acima referidos. Trazendo presente o meu mestre e amigo Mário Betiato, “O binóculo serve para que enxerguemos objetos. Através dele, nós vemos melhor. Não para olhar para o binóculo, mas olhar com ele”. Faz toda diferença. A Palavra de Deus é um binóculo para olharmos o mundo e a vida com os olhos de Deus.

8. A Igreja em Saída encontrou espaço na Campanha da Fraternidade

O movimento em saída, movido pela própria identidade da Campanha da Fraternidade e da Dimensão Social, nos levou ao encontro de parceiros. Uns de primeira hora, outros de última hora e alguns de todas as horas. Aqui é preciso registrar ao menos alguns. Além de alguns mandatos nas duas casas legislativas, Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa, o Ministério Público, sobretudo na pessoa e na visão profético-cidadã de Dr. Olímpio de Sá Souto Maior Neto; a Rede Evangelizar de Rádio e Televisão, sobretudo, através do jornalista Sérgio Silva; a Rádio Canção Nova, através da Jornalista Fabiana Sá; A Rádio Bairro e a TV Transamérica, espaços abertos pelo advogado Mesael Caetano; a TV da Assembleia Legislativa, espaço aberto pelo Assessor Parlamentar e leigo consagrado Inaciano, parceiro de todas as horas, Roberto Mistrorigo Barbosa; a Livraria Paulus agendou inúmeros encontros em várias paróquias e ajudou mito na divulgação; a Livraria Paulinas manteve o já tradicional envolvimento, através de painéis, seminários e divulgação nas suas redes; a CNBB Sul2 deu-nos acesso às excelentes formações sobre os temas, fato que nos mudou de patamar na relação com as Campanhas. É oportuno trazer aqui o importante papel que a Campanha da Fraternidade assumiu em nossa Arquidiocese de fazer mais conhecida a Doutrina Social da Igreja. Pois dizemos que aquela é um riacho que escorre desta. A Revista Voz da Igreja ganhou espaço em todas as paróquias, tornando-se um instrumento de evangelização e de comunicação conhecido e reconhecido pelas comunidades católicas. Nós estivemos presentes coma artigos em dezenas de volumes e, juntamente com outros veículos já citados, foi importante para a evolução deste jeito de ser Igreja em saída que são as Campanhas da Fraternidade há mais de meio século.

  1. No meio do caminho aparece uma mensagem

Recebi através de um dos grupos mais importantes que tenho no WhatsApp, e vindo de uma das pessoas mais queridas, esta mensagem, no III Dia Mundial dos Pobres, Domingo, 17 de novembro de 2019: “Acorde, agradece a Deus por mais um dia de vida, toma um café, penteia o cabelo e saiba que você não precisa de mais ninguém para ser feliz, o mundo é seu! ”. Fiquei inquieto, incomodado e não me contive. Não fui à missa das 10:00, fui procurar na Bíblia se eu tinha entendido algumas passagens que me vieram à memória. A primeira foi (Ef 2, 7-10), em nenhum lugar aparece “eu”, “meu”, “minha”, todos os verbos estão no plural. Na perspectiva do Reino, verifiquei que a comunidade de Lucas, nos diz: “Não se dirá: ‘Ei-lo aqui’ ou ‘Ei-lo ali. Com efeito, o Reinado de Deus está entre vós” (Lc 17, 21). Meditei com as Bem-Aventuranças na perspectiva da Comunidade de Mateus. Diz o Papa Francisco que Bem-Aventurado é sinônimo de feliz e de Santo! (GE nº 64). Nas nove vezes que é citada, vemos a palavra “FELIZES”, assim, no plural.

Revisitei os escritos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), a fim de conferir, na perspectiva da Igreja Povo de Deus, a dimensão comunitária da salvação e da santidade, e, por consequência, da felicidade de Deus e da humanidade. A Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG), diz: “(...) Aprouve, no entanto, a Deus santificar e salvar os homens, não individualmente, excluindo toda a relação entre os mesmos, mas formando com eles um povo, que o conhecesse na verdade e o servisse em santidade” (LG n º 9). Confesso que senti aqui um misto de alívio, por constatar a dimensão comunitária da santidade, mas, ao mesmo tempo, a preocupação com o nosso pouco conhecimento e até ignorância das Escrituras e dos ensinamentos da Igreja. Seguindo ainda no Concílio, revisitei a Constituição Pastoral, Gaudium et Spes (GS),

(...) Tem, portanto, diante dos olhos o mundo dos homens, ou seja, toda a família humana, com todas as realidades no meio das quais vive; esse mundo que é teatro da história da humanidade, marcado pelo seu engenho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo, que os cristãos acreditam ser criado e conservado pelo amor do Criador; caído, sem dúvida, sob a escravidão do pecado, mas libertado pela cruz e ressurreição de Cristo, vencedor do poder do maligno; mundo, finalmente, destinado, segundo o desígnio de Deus, a ser transformado e alcançar a própria realização (GS nº 2).

            A Constituição Sacrosanctum Concílio (SC), sobre a sagrada liturgia, ainda nos diz, “Deus “quer que todos os homens sejam salvos e alcancem o conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). “Falou outrora aos pais, pelos profetas, de muitos modos e maneiras” (Hb 1,1) ”. E segue o texto conciliar, “Quando veio a plenitude dos tempos, enviou seu Filho, Verbo encarnado, ungido pelo Espírito Santo, para evangelizar os pobres e curar os corações feridos, como “médico do corpo e da alma, mediador entre Deus e os homens”” (SC nº 5). Igualmente nos diz a Constituição Dogmática Dei Verbum (DV), sobre a revelação divina, “Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de seu Filho (Hb 1, 1-2). Com efeito, enviou o seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e explicar-lhes a vida íntima de Deus (cf. Jo 1, 1-18) (DV nº 4). Os quatro pilares da Igreja pós-conciliar seguram igualmente o peso da Palavra. De modo semelhante, porém com uma linguagem mais pastoral, as Campanhas da Fraternidade sabiamente nos transmitem esta Palavra de vida e encarnam as diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Esta, um dos maiores acervos proféticos da ação da Igreja no mundo nos últimos quase dois séculos.

Seguindo o nosso raciocínio e retornando ao centro de nossa pesquisa, “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”, disse São Jerônimo, Presbítero e Doutor da Igreja, nascido na Dalmácia, em torno do ano 340 d. C. e tradutor da Bíblia para o latim. Versão que ficou conhecida com o termo Vulgata, o texto mais utilizado pela Igreja nos séculos seguintes à esta tradução. Para confirmar esta não pequena questão de ignorância das escrituras, trazemos esta passagem (Mt 22, 23-33), com ênfase nestas palavras de Jesus, “Vocês estão enganados, porque não conhecem as Escrituras, nem o poder de Deus” (v 29). A Igreja não devia vacilar no ensinamento da Palavra e cada homem e cada mulher deveriam procurar conhecê-la. Esta é uma condição sine qua non para vivê-la. É fato que o teólogo Karl Rahner já nos falou dos “cristãos anônimos”, aqueles que mesmo sem ir à missa dominical ou sem carregar um crucifixo no peito, às vezes até em outras religiões, seguem os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Quem conhece as Escrituras e as segue, não alimenta mentiras, ou inverdades e não desvirtua o verdadeiro sentido da Palavra de Deus. Assim são os Textos Base das Campanhas da Fraternidade. Feitos com rigor e respeito à Palavra de Deus. Nada pode fazer maior mal ao ser humano do que a ignorância vista com naturalidade e por vezes até como virtude. E a pior e mais maléfica de todas as ignorâncias, para os cristãos e os cristãs, é a ignorância das Escrituras.  

  1. Breves Considerações

            Este texto frequentemente assume uma linguagem coloquial, expõe uma visão crítica que talvez até pareça exagerada, mas ele está distante deste exagero. Tanto quanto igualmente distancia-se da totalidade das realidades adversas que espreitaram a equipe de assessores da Campanha da Fraternidade, nestes cinco anos de declínio de nossa democracia. As elites internas de nosso país, a partir de uma zona de conforto garantida através de privilégios, não sem forte contribuição dos diversos corporativismos, da exacerbação do egoísmo, do individualismo e desumanização feriram de morte a nossa democracia. Deixaram em coma o nosso Estado de Direito e usaram para isso a ignorância política e religiosa dos movimentos conservadores da Igreja. Plantaram o ódio de classe entre a classe pobre e usaram o medo e a ameaça para criar uma legião de idiotas morais tornados incapazes de compaixão. Esta por sua vez se tornou sinônimo de fraqueza enquanto o ódio encontrava eco e dava voz, fama e até lucro. Com temas caroçudos e com forte teor político, como devem ser, as Campanhas da Fraternidade, nestes cinco anos foram essenciais para manter viva a profecia na Igreja, mas foi cobrado um preço. Os movimentos proféticos são historicamente compostos por pequenas minorias, mas jamais passam despercebidos. É a eles que a história recorre quando passam as tempestades e começa-se a reconstruir a vida e os sonhos. É a eles que a esperança recorre quando as chagas da desesperança acamam a dignidade da vida e colocam em dúvida a Aliança indestrutível de Deus com seu povo (Êx 6, 7; Lv 26, 12; Jr 30, 22; 32, 38; Ap 21, 3). Esta aliança perpassa toda a Sagrada Escritura. Esta Aliança continua valendo.

A Campanha da Fraternidade, cuja duração não passava muita do Domingo de Páscoa, foi sendo gradativamente esticada e este ano chegou ao mês de outubro com grande seminário na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com dez Oficinas todas inspiradas no Tema das Políticas Públicas e na Campanha da Fraternidade de 2019. O único sentimento que tenho a partilhar é de agradecimento. A Igreja viva, pulsando, encarnada no meio do povo de Deus, lá aonde ele vive os mais diferentes sofrimentos. Isso é profecia! Jamais entendi tão bem as palavras cheias de sentimentos de amor proferidas por Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios (2Tm 4, 6-8), apenas digo no plural, “Combatemos um bom combate, conservamos a fé”. A única palavra que tenho é GRATIDÃO. Na esteira de John Dominic Crossan, encerro este texto, “Jesus deixou pensadores, e não memorizadores; discípulos, e não recitadores; pessoas e não papagaios” (CROSSAN, 1994, p 30).

Curitiba, 19 de novembro de 2019

João Ferreira Santiago
É Teólogo, Poeta e Militante.
Coordenador da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese de Curitiba entre 2015 e 2019.
É professor de Teologia na Faculdade São Braz.
[email protected]  [email protected]
(41) 99865-7349 – WhatsApp.

 

Referências:

- BAUMAN, Zygmunt; DONSKIS, Leonidas. CEGUEIRA MORAL – A perda da sensibilidade na Modernidade Líquida. Rio de Janeiro-RJ: Zahar, 2014.

BÍBLIA. Tradução Ecumênica da Bíblia – TEB. São Paulo-SP: Loyola, 1994.

- BOITO JR. Armando. Reforma e crise política no Brasil – os conflitos de classe nos governos do PT. Campinas-SP: Editora unesp/unicamp, 2018

- CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Texto Base – TB – da Campanha da Fraternidade de 2014. Brasília-DF: Edições CNBB, 2014.

- CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Texto Base – TB – da Campanha da Fraternidade de 2015. Brasília-DF: Edições CNBB, 2015.

- CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Texto Base – TB – da Campanha da Fraternidade de 2016. Brasília-DF: Edições CNBB, 2016.

- CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Texto Base – TB – da Campanha da Fraternidade de 2017. Brasília-DF: Edições CNBB, 2016.

- CONCÍLIO. Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja. São Paulo-SP: Paulinas, 13ª ed. 1999.

- CONCÍLIO. Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje. São Paulo-SP: Paulinas, 10ª ed. 1998.

- CONCÍLIO. Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Sacrosanctum Concílio sobre a sagrada liturgia. São Paulo-SP: Paulinas, 6ª ed. 2004.

CONCÍLIO. Concílio Ecumênico Vaticano. Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina. São Paulo-SP: Paulinas, 4ª ed. 1998.

- CROSSAN, John Dominic. O Jesus Histórico – A vida de um camponês judeu do Mediterrâneo. Rio de Janeiro-RJ: Imago editora, 1994.

- MESTERS, Carlos. FLOR SEM DEFESA – Uma explicação da Bíblia a partir do povo. Petrópolis-RJ: Vozes, 1991.

- MULLER, Enio R; BEIMS, Robert W. (Orgs.) Fronteiras e Interfaces – O pensamento de Paul Tillich em perspectiva interdisciplinar. São Leopoldo-RS: Sinodal, 2005.

- PAPA. Papa Francisco. Exortação Apostólica do Papa Francisco. GAUDETE ET EXSULTATE – (Alegrai-vos e Exultai) – sobre o chamado à santidade no mundo atual. São Paulo-SP: Paulus, 2018.

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