Importância do Diálogo Ecumênico e Interreligioso
Edvaldo Jericó Bezerra
Assessor Nacional da PJMP
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A Igreja vem se abrindo ao diálogo ecumênico e interreligioso de forma crescente desde o Concílio Ecumênico Vaticano II (CV II). A cada dia encontramos de forma mais nítida espaços de convivência e de construção solidária.
Antes de mais nada é importante fazer memória de que o diálogo não é algo inventado pelo CV II, nem tampouco se trata de criação dos nossos tempos. Ecumenismo, isto é, unidade dos cristãos e diálogo com outras expressões religiosas foram sempre presentes na caminhada da Igreja neste mundo.
É da tradição da Igreja buscar a unidade dos cristãos. Não foi espírito cismático e divisório que convocou concílios ao longo dos dois milênios de História da Igreja, mas Espírito de Unidade, de conciliação e união de todos em torno de Cristo, Verdade, Caminho e Vida.
De fato é mesmo um escândalo as divisões e inimizades produzidas entre os cristãos ao longo dos séculos. Tais segregações contrariam abertamente a vontade de Jesus Cristo, manifesta na oração sacerdotal da ceia derradeira: “Para que todos sejam um, ó Pai, assim como és em mim e eu em ti” (João 17,21) ou ainda na auto revelação do Bom Pastor, “E haverá um só rebanho e um só Pastor” (João 10, 16c).
É perceptível que o Cristianismo nasce já com um apelo à universalidade, no chamado ao encontro com todos os povos (Atos 1,8; Lucas 24,47; Marcos 16,15.20; Mateus 28,19). Anunciar a Boa Nova do Reino, manifesto em Cristo, é a obrigação final dada por Jesus aos seus seguidores. Nítido é que esse anúncio não pode ser opressão religiosa e, menos ainda, destruição de outras culturas.
Anunciar Jesus Cristo é anunciar o amor. E só há uma forma eficaz de se anunciar o amor: amando. É Ele mesmo que, ao instituir o seu eterno mandamento diz “Se tiverdes amor uns pelos outros, todos saberão que sois as minhas testemunhas (João 13,35).”
O encontro de Jesus com a Samaritana de Sicar (João 4,1-42), a Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10,25-37) e a cura do servo do oficial romano (Mateus 8,5-13) nos apontam caminhos para o diálogo. De fato Jesus dialoga, não impõe. Não busca provar sua superioridade, mas acolhe. Similarmente, o samaritano da parábola não se preocupou em converter o outro a sua forma de crer, mas em fraternalmente socorrê-lo em suas necessidades.
Nestes dias hodiernos, tão feridos pelas violências da intolerância, do preconceito e do ódio, é necessário a cada dia mais encontrar na ação de Jesus o farol que ilumina e aponta caminho seguro. Ele que é Deus, nos mostra o diálogo, a acolhida e a fraternidade como os meios precisos para o encontro com o outro.
Santa Maria da Boa Vista – PE, 26 de março de 2016, Sábado Santo.